Deus manifesta as suas bênçãos sobre o povo da aliança de diferentes modos. Às vezes elas vêm em forma de pamonha.
Não se engane: eu nunca fui fã de milho, e trocaria facilmente um bolo de milho ou pamonha por alguma comida menos saudável, como um hambúrguer gorduroso cheio de produtos industrializados. Mas nada disso me impede de reconhecer a dádiva.
A igreja primitiva experimentava dinâmicas próprias de sua vida com Deus e com os irmãos. Como lemos nos primeiros capítulos de Atos, eles perseveravam unânimes em práticas que reforçavam o seu conhecimento, piedade e comunidade. A certa altura, naquelas primeiras décadas da igreja, instituiu-se outra dinâmica comunitária que ficou conhecida como festa ágape — a festa do amor. A festa ágape manifestava a celebração da ceia do Senhor, sacramento que demonstra e fortalece a união com Cristo e com os irmãos, e era realizada com muita comida.
O curioso é que alguém pode achar um exercício nada espiritual se reunir com irmãos para um banquete. O que há de especial em comida e bebida? De modo semelhante, temos a nossa pamonhada. Na última quarta-feira vimos uma multidão, reunida na chácara, para trabalhar nas diferentes etapas da produção de uma pamonha, almoçar juntos, contar piadas, jogar conversa fora, compartilhar aspectos da vida e, claro, comer a pamonha produzida.
O que há de especial e espiritual nisso?
Talvez o problema esteja no fato de que estamos olhando, mas sem perceber. Como quando observamos uma pintura ou uma paisagem com pressa e não notamos nada especial, até que paramos para prestar atenção. De repente novas cores e significados, a harmonia dos elementos e mesmo alguns itens que não tínhamos percebido são descortinados diante dos nossos olhos, e ficamos admirados.
Uma pamonha é uma pamonha. Mas também pode ser mais do que isso. Naquela quarta-feira, uma pamonha era o resultado de uma comunidade de amor. Era um símbolo de integração e compartilhamento de vida. Era um agregador de sorrisos e lágrimas.
Uma pamonha, em si, não impressiona. No meu caso específico, menos ainda. Mas pessoas como eu podem considerar uma pamonha deliciosa, quando ela é a expressão da graça de Deus que une pessoas tão diferentes em um mesmo corpo, para que caminhem e cresçam juntas.
Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! (Sl 133.1).
Pr. Allen.