Segundo as Escrituras, quando pensamos na humanidade em sua relação com Deus, há apenas dois grupos de pessoas: os da fé e os das obras. Paulo nos fala sobre isso em Gálatas, ao analisar a família de Abraão, que reflete as duas linhagens espirituais mencionadas em Gênesis 3.15, sendo um paradigma para nossa escravidão ou liberdade diante da lei de Deus. Abraão teve dois filhos: Isaque, com Sara, sua esposa, e Ismael, com Agar, sua concubina. O primeiro nasceu pela fé na promessa (Gn 12.1-3; 15.4; 17.16); o segundo, pelas obras humanas (Gn 16.1-4a). Essas mulheres representam dois pactos de Deus com os homens: o da graça, que produz fé, e o das obras, que exige obediência (Gl 4.24-27).
Assim, aqueles que buscam obedecer à lei de Deus para serem salvos são filhos espirituais de Agar, pois vivem pelas obras e serão condenados, visto que estão escravizados pela lei. O pecado impede a obediência aos mandamentos de Deus e, ao transgredir a lei, a penalidade é a morte (Rm 8.3; 6.23; Gl 4.24-25; Gn 2.17). Por outro lado, da mesma maneira que Abraão creu na promessa de Deus para sua justificação, aqueles que vivem pela fé na promessa de que Jesus Cristo, o descendente de Abraão, perdoa e justifica aqueles que o Pai lhe dá, são filhos espirituais de Sara, declarados inocentes diante de Deus pela obediência ativa e passiva de Cristo à lei por eles (Gn 15.6; Gl 3.16; Jo 6.37-40; Mt 5.17, Gl 4.28; 3.13).
A fé em Cristo nos integra à família de Deus, como descendência espiritual vinculada à promessa da redenção pela graça somente. Que bênção é pertencer à família da fé em Cristo!