No Boletim 611 eu afirmei que, de acordo com Jesus, nossa justiça deve exceder a dos fariseus (Mt 5.20). Essa justiça do reino de Jesus redefine a maneira como encaramos e administramos os nossos relacionamentos com todas as pessoas (Mt 5.38-42).
A justiça do reino de Jesus não deve ser confundida com justiça própria ou legalista (praticada pelos fariseus). É ação que flui de vida interior enriquecida pelo amor divino. Misericórdia que produz obras. Graça que conduz a dever. Não equivale a jamais cometer erros, ou ser regulado por listas de regras, mas a viver certo de estar seguro nas mãos de Deus, desejando existir da melhor maneira possível, para o seu louvor.
A justiça do reino de Jesus demanda que nos reconheçamos como mendigos bem-aventurados enriquecidos pelo Redentor que se fez pobre por amor de nós (cf. Lutero; Sl 40.17; 70.5; Mt 5.3; Lc 6.20; 2Co 8.9). Por isso mesmo, em Mateus 5.42, o Rei ordena: “Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. Ordem absoluta, que não pode, nem deve, ser relativizada ou espiritualizada. Tal exigência implica praticar e receber generosidade. Aprender a dar e receber. Generosidade que redunda em gratidão a Deus (2Co 9.12). O Didaquê, livro escrito no 1º séc. emenda, sugerindo que nossa esmola deve ser “bem ponderada”, mas parece que Jesus resiste a estas racionalizações.
Crentes sensíveis às necessidades uns dos outros e do mundo, contribuindo com seu dinheiro e bens. Que belo quadro daquilo que o povo de Deus deve ser!
Pr. Misael.