O teólogo John Owen afirmou: “Se estamos satisfeitos com uma simples ideia da glória de Cristo, como se fosse um pouco de informação obtida das Escrituras, descobriremos que ela não tem poder transformador para as nossas vidas”.[1] Dito de outro modo, conhecimento cristológico é interação viva com Jesus.
Na conversão a luz divina brilha em nossos corações e Deus é conhecido na “face de Cristo” (2Co 4.6). Passamos a contemplar a glória do Senhor “como por espelho” (2Co 3.18).
Contemplar é diferente de apenas compreender. É possível estudar a doutrina cristológica como intelectual inquiridor, ligado apenas à percepção objetiva do fato e do relato bíblico. Contemplação, porém, é uma experiência estética e espiritual. Quem contempla uma flor, vê muito mais do que aprenderia num livro de botânica. Sente o seu perfume e é arrebatado por sua beleza. Uma rosa comunica mais do que mil palavras. O mesmo ocorre diante do mar, cujo azul inspira versos e tranquiliza a alma. Ou ao ouvir uma boa música, ou diante de uma pintura.
O propósito primeiro da revelação cristológica é gerar em nós contemplação e fervor espiritual. A razão destrincha a doutrina e os afetos a transformam em combustível para o culto. A doutrina é a lenha para o amor e a devoção é a entrega apaixonada ao ser amado. Nas palavras de Tozer:
Encontrar-se com o Senhor, e mesmo assim continuar a buscá-lo, é o paradoxo da alma que ama a Deus. É um sentimento desconhecido daqueles que se satisfazem com pouco, mas comprovado na experiência de alguns filhos de Deus que têm o coração abrasado.[2]
Se Deus permitir, entenderemos isso melhor no próximo Boletim.
Pr. Misael. Publicado no Boletim 355 | 16 de outubro de 2016.
Notas
[1] OWEN, John. A Glória de Cristo. São Paulo: PES, 1989, p. 61.
[2] TOZER, A. W. À Procura de Deus. Venda Nova: Betânia, 1985, p. 15.