Nos primeiros dias da fé cristã, surgiu uma ideia esquisita sobre Jesus Cristo, denominada docetismo.
No 2º século, ideias gregas influenciaram os cristãos, dentre elas, as de que [1] Deus é impassível, indiferente aos sentimentos (dor e desgostos humanos); e [2] a matéria é inferior, portanto, Deus jamais assumiria um corpo físico. Daí, começaram a ensinar que Jesus Cristo não havia nascido, morrido e ressuscitado em “carne”. Ele apenas se “parecia” (dokein; parecer) com um ser humano. Um docético chamado Cerinto ensinou que “o Cristo” assumiu um corpo físico, do “homem Jesus de Nazaré”, por ocasião do batismo, mas retirou-se dele antes da crucificação. Basílides propôs que Simão, o Cireneu, foi crucificado por engano, em lugar de Cristo. Apareceram mais teorias, afirmando que Jesus possuía um corpo fantasmagórico (irreal) ou que alguns relatos dos Evangelhos não eram verídicos.
Nosso irmão Irineu (ca. 130—202), que escreveu o livro Contra as Heresias, entendia que o Evangelho de João foi escrito para combater o docetismo. J. I. Packer afirmou que, para o apóstolo João, o docetismo era um “erro mortal inspirado pelo espírito do
anticristo, uma negação mentirosa tanto do Pai como do Filho”.
Toda vez que exaltamos o imaterial desvalorizando o que é físico, ou negamos a espiritualidade das emoções, nós reproduzimos, de certo modo, o erro docético. Se queremos saber quem, de fato, é o Senhor Jesus Cristo, precisamos nos apegar apenas aos ensinos da Bíblia. Na próxima pastoral eu apresentarei outra ideia esquisita sobre Jesus, chamada gnosticismo.
Pr. Misael.