Quando o Novo Testamento estava sendo escrito, os cristãos lutaram contra uma ideia esquisita sobre Jesus Cristo, denominada gnosticismo. Os gnósticos acreditavam que a redenção não é assegurada pela morte de Jesus na cruz, e sim pela obtenção de um conhecimento (gnosis) que não vinha pelo estudo, e sim, pela iluminação mística. A verdade salvadora é esotérica, ou seja, velada aos não iniciados. Uma elite entre os seres humanos possui capacidade de ascender espiritualmente.
Para os gnósticos, Jesus Cristo é um ser iluminado, mas não o único mediador entre Deus e os homens. Há outros mediadores na estrutura cósmica, cuja função é abrir os olhos das pessoas “espirituais”. Uma vez que a matéria é má, Deus não pode se contaminar com coisas materiais, sendo assim: (1) Deus não criou o Universo material, delegando esta tarefa a um demiurgo, uma criatura intermediária entre a natureza divina e a humana; (2) a História, como narração metódica dos fatos do mundo material, não possui valor; e (3) a doutrina da encarnação (de Jesus Cristo vindo ao mundo em carne), deve ser rejeitada.
O gnosticismo adaptou ideias gregas antigas. É antibíblico ao desprezar a matéria, sugerir que o homem pode salvar a si mesmo ao obter conhecimento, negar a encarnação, a obra expiatória e a mediação única de Jesus. Ele continua influente hoje. Sempre que Jesus é visto como mero espírito iluminado, ou são desprezadas a matéria e a História (Tradição), ou exalta-se a intuição mística em lugar da razão, atualiza-se o erro gnóstico.
Pr. Misael.