Que somos todos tendenciosos às inconsistências já é notório. Quero lembrar que as inconsistências podem ocorrer, e acontecem, até mesmo na nossa prática como proclamadores do Evangelho.
É a atitude de falar o que não se vive, e não viver o que se prega. É quando, por várias razões, queremos “fazer missão”, pregar e evangelizar, sem “ser missionário”. Isso acontece na priorização do fazer antes do ser. Essa realidade é sempre desastrosa.
Quando essa confusão vem à toma, dividimos a missão ao meio, desconfigurando-a completamente, pois a missão é ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16) antes de fazer qualquer coisa. Isso pode ser visto no contexto maior de Mateus 5.1-7.29, no sermão do monte.
Essa passagem nos mostra que temos a missão de sermos um diferencial, e um instrumento de Deus para frear os efeitos desastrosos do pecado no mundo. Devemos ser luz, um símbolo de salvação. Isso significa que os cristãos devem ser um canal da redenção para aqueles que estão à sua volta.
E o mais incrível é ver como o texto nos ensina que essa missão acontece. Não é por meio de eventos evangelísticos, passeatas, marchas para Jesus, realização de cultos e palestras, mesmo que tudo possa ter seu valor. A missão acontece primária e primordialmente quando vivemos a ética do reino de Deus nesse mundo, sendo humildes, mansos, justos, misericordiosos, limpos de coração, pacificadores, e até mesmo perseguidos (5.1-12).
A missão acontece quando a lei de Deus pode ser vista exemplificada na nossa vida, pois somos o que falamos, e pregamos o que realmente somos (5.17-7.29). Pregamos o evangelho com palavras sim e com toda intrepidez, pois a fé vem por ouvir a pregação da Palavra de Cristo (Rm 10.17). Contudo, essa pregação deve confirmar o que somos diariamente e vice-versa.
Dessa maneira, somos bem-aventurados, aprovados por Deus, agindo como missionários completos, sendo e fazendo a vontade do Pai, para a glória de Cristo.
Rev. Renato. Publicado no Boletim 169, de 24/03/2013.