Um dos aspectos aparentemente contraditórios da obra divina é a relação entre suficiência e insuficiência. O apóstolo Paulo fala sobre isso em 2Co 2.15-16: “Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas?”.
Primeiramente, precisamos entender que somos totalmente insuficientes. Não existe espaço para orgulho na obra de Deus. Não é possível realizarmos a vocação cristã baseados em nossas próprias forças e talentos. Estamos diante de um desafio espiritual, que deve ser enfrentado com a utilização de equipamento sobrenatural. É o próprio apóstolo que diz, na mesma carta: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus […]” (2Co 10.4). Olhando do ponto de vista da humanidade, ninguém é suficiente para o ministério — a autosuficiência é completamente expurgada da espiritualidade do Novo Testamento.
Por outro lado, recebemos suficiência em Cristo. Somos o seu “bom perfume”, produzindo resultados de acordo com o seu propósito soberano. Para os que crêem na Palavra salvadora, produzimos um cheiro agradável. Para os que não crêem, produzimos aroma de morte. Isso tudo indica que, se naturalmente somos fracos, em Cristo somos fortes, capacitados pelo Espírito Santo para o trabalho de proclamação do Evangelho. Somos os instrumentos ungidos de Deus — a sua fragrância de salvação e juízo.
O equilíbrio entre essas duas coisas é a essência da maturidade cristã. Quem pensa que pode fazer as coisas sem Deus peca por orgulho. Quem se considera tão incapaz a ponto de não se comprometer com o serviço cristão, peca pela improdutividade e passividade diante das gritantes necessidades do mundo e da própria igreja de Cristo.
Que sejamos um exército humilde, totalmente dependente de Deus, e, ao mesmo tempo, poderoso, capacitado pelo Espírito para sua glória.
Publicado no Boletim 003.