O termo “discipulado” é entendido, via de regra, com um curso bíblico para novos convertidos, ou focalizar algum aspecto prático da espiritualidade cristã. Os reformadores do séc. 16 não utilizavam a palavra discipulado, no entanto, eles formavam discípulos.
O “discipulado reformado” compreendia uma formação tanto teórica quanto prática. O seguidor de Jesus era orientado na doutrina do evangelho (era preciso defender o ensino bíblico da justificação pela graça mediante a fé somente), em cânon (era preciso argumentar que os livros apócrifos não eram inspirados) e nos Catecismos (era básico conhecer uma exposição dos Dez Mandamentos, do Credo e da Oração do Senhor).
O primeiro tópico era ensinado no púlpito e em debates informais (eles não dispunham da Escola Dominical). Lutero ensinava na igreja, na Universidade e em casa, durante as refeições e Baxter lecionava nas casas. Os pais liam e comentavam os Catecismos com a família, nas manhãs de sábado.
A doutrina era provada no sofrimento; assumir a fé reformada implicava em sofrer reveses. Não haviam congressos, nem “retiros espirituais” (a prática de acampamentos foi inserida no séc. 19). Os discípulos eram acrisolados no lar, na vizinhança, no trabalho e nos cultos. O discipulado era simples. Bastava uma Bíblia, um Catecismo e um instrutor, a busca de Deus na rotina familiar e na igreja; a coragem de viver o evangelho em todos os ambientes. E os discípulos se multiplicavam, amadureciam e produziam novos discípulos.
Do que precisamos para discipular? Ouvimos falar de métodos de discipulado maravilhosos e inovadores. Puro marketing.
Que tal voltarmos um pouco no tempo? Precisamos do fervor, da biblicidade e da simplicidade reformada. Isso produz frutos.
Pr. Misael. Publicado no Boletim 358 | 06 de novembro de 2016.