Uma imagem que sempre me chamou a atenção é a de famílias caminhando em direção às igrejas domingo pela manhã, com as Bíblias sendo levadas com toda cautela e estima.
Por não nascer em um lar que desfrutava dessa rotina, na minha infância assistia com apreço tímido a harmoniosa imagem das famílias indo para suas igrejas, porém sem entender ao certo a finalidade e as implicações desta conduta. Sendo alcançado pela graça de Jesus, fiquei de início um pouco decepcionado ao perceber que, na prática, aquela imagem que parecia refletir uma perfeição constante, em muitos lares não passava daquele dia da semana, ou até de um momento desse dia. O ambiente que à distância parecia com uma “propaganda de margarina” era composto de desencaixes, crises e conflitos.
Levou um tempo para compreender que o romantismo aparente e a idealização imatura do meu olhar superficial não deveria repousar apenas para o reflexo do brilho, mas para a fonte de luz e para a obra que está sendo realizada. Essa obra que não está acabada, terá a sua finalização na consumação. Enquanto isso, somos desafiados a encarar uma realidade que não está firmada em fantasias e lendas, mas de promessa concreta e real sendo construída de material vulnerável, pessoas com problemas, famílias disfuncionais em direção a um final glorioso. Jesus é quem sustenta essa promessa e realiza essa obra em sua Igreja.
Nesse mês da família, somos lembrados de que estamos em Cristo, não à semelhança de uma simples imagem ou uma cena idealizada montada como uma foto de família, estática e artificial fixada na parede, mas em uma jornada dinâmica e orgânica rumo à consumação. Essa verdade é enfatizada em toda a Escritura apontando para Jesus.
Lic. Robson