A vida seria insuportável sem o silêncio. O coração tumultuado precisa experimentar a tranquilidade proveniente da ausência de perturbações. Esse estado de pleno descanso é a base para diversos benefícios espirituais, emocionais e físicos. Nossa cultura é de consumo; somos escravos do tempo e presas da ansiedade. Não raro eu me descubro lidando com dezenas de pensamentos simultâneos. O cérebro em atividade frenética, processando imagens e dados, tecendo análises, alinhavando argumentos e adiantando projetos. O coração a mil: correria; confusão; ausência de silêncio.
O silêncio não é apenas físico. Eu posso estar em plena tormenta, esmagado pelo tumulto, mesmo quando meus ouvidos não estão sendo incomodados com uma quantidade exagerada de decibéis. Existe um silêncio emocional e espiritual, que eu preciso aprender a cultivar.
O silêncio nos cultos é cada vez mais raro. Silenciar é chato, produz agonia; aquela “coceirinha” na ponta do dedão do pé que me faz remexer os sapatos na hora da oração silenciosa prolongada. “Gostosos” são o barulho e ritmo (e quanto mais melhor), pois estes reproduzem o estado ansioso dos corações não tratados pela graça.
O silêncio no templo espiritual (nosso coração), carece de ser incentivado. Existe uma pedagogia da vontade em guardá-lo. Isso não é simples. Tente silenciar todas as vozes e eliminar todas as inquietações. É fácil?
O salmista se descreve como uma criança que descansa silenciosa nos braços de sua mãe. Daí recomenda: “Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre” (Sl 131.3). Cultivar o silêncio tem a ver com fé; com o acesso a uma bênção desconhecida pela maioria das pessoas. Quando nos apropriamos disso, experimentamos a paz.
Pr. Misael