Ressaltando a importância [da teologia] de Agostinho, Gilson (1884-1978) afirma que após ele, “a Idade Média passou a representar a história do mundo como um belo poema, cujo sentido é para nós inteligível e completo, contanto que conheçamos seu início e seu fim”.
De fato, a perspectiva de Agostinho adquire um tom escatológico: “[…] pois nada parece mais rápido do que tudo aquilo que já passou. Quando vier o dia do juízo, então os pecadores perceberão não ser longa a vida que passa”. Deste modo, o tempo é o grande sinal de finitude e de mediatez. Assim, Idade Média são todos os tempos já que o tempo sempre será médio entre o antes e o depois ou, entre o tempo anterior e a eternidade, quando o tempo se extinguirá. “Na eternidade não há passado, como se algo ainda não existisse, mas apenas no presente, porque aquilo que é eterno existe sempre”.
A História revela Deus e seus propósitos (Rm 8.28-30; 13.12; At 1.6,7). Entendemos a escatologia como uma consumação “natural” do plano de Deus na sua historificação temporal. A Escatologia é precedida de uma história realizada; e a história aponta para uma escatologia decisiva. Desta forma, olhando pelo prisma da escatologia, podemos dizer que a história é escatológica, visto que para lá ela caminha de forma progressiva e realizante: A história consumar-se-á na não história, no atemporal e eterno. Por outro lado, a escatologia confere sentido à história; a fé da Igreja respalda-se num fato histórico e nutre-se da esperança que emana da promessa de Deus: “A esperança (…) [é] o alimento e força da fé”. E, quanto ao tempo, Calvino (1509-1564), que viveu ativamente um período de grande transformação na história medieval, valendo-se com reconhecimento das contribuições de Agostinho, afirmou com propriedade bíblica: “Os tempos estão nas mãos e à disposição de Deus, de modo que devemos crer que tudo é feito na ordem prefixada e no tempo predeterminado”.
Hoje não é diferente: Deus continua dirigindo a história; Ele é o Senhor da eternidade, do tempo, da história e das circunstâncias. Caminhamos para a eternidade de onde procede a nossa criação e a meta de nossa existência. Deus nos guiará em segurança. Descansemos nele. Amém.
Rev. Hermisten Maia P. Costa.
Revista Fé Para Hoje. https://ministeriofiel.com.br/artigos/tempo-historia-e-escatologia/