A ética cristã não é utilitarista. O utilitarismo é uma proposição formulada por um filósofo moral e teórico das leis, chamado Jeremy Bentham (1748-1832). De acordo com ele, o valor de muitos seres humanos é maior do que o valor de um. O bem ético é o que assegura prazer e felicidade e que evita o sofrimento e a dor da maioria das pessoas; em outras palavras, é correto sacrificar uma pessoa, se isso favorecer dez pessoas. Por esse ângulo, o indivíduo é tido como mero dado estatístico, sem atenção à sua individualidade.
Para o cristianismo cada pessoa possui valor intrínseco, tendo sido criada à imagem e conforme a semelhança de Deus (Gn 1.26-27). O Senhor se importa com cada um, individualmente; até nossos “cabelos todos da cabeça estão contados” (Mt 10.30). O valor de cada um exige o amor e trato respeitoso para com todos (Mt 5.22-23,43-48). Jesus Cristo e o apóstolo Paulo trataram autoridades ímpias com deferência, mesmo sendo hostilizados (Mt 27.13-14; Jo 19.9-11; At 23.3-5). Os menos favorecidos e fragilizados devem ser cuidados com distinção (Lv 23.22; Dt 15.7-11; Mt 5.42; 6.2-4; 25.35-40; At 4.34; Ef 4.28). O cristianismo bíblico enxerga valor até nas minorias, pois estas são constituídas de indivíduos.
Por fim, a ética cristã é regida por princípios, diferente do utilitarismo. O cristão entende que deve fazer o que é certo, mesmo que isso não se encaixe na lógica utilitarista. O certo é o condizente com as Sagradas Escrituras. Cristãos são regidos pelo Absoluto da Palavra de Deus. Nesses termos, isso que chamamos de vida ética, nada mais é do que vida com Deus.
O Senhor é a minha porção; eu disse que guardaria as tuas palavras. Imploro de todo o coração a tua graça; compadece-te de mim, segundo a tua palavra (Sl 119.57-58; cf. Sl 1.1-6).
Pr. Misael.