No Boletim 702, de 11 de junho, eu sugeri que Daniel 1.1 informa que a História é constituída de ação humana. Agora eu tenho de afirmar, com base na mesma passagem, que Deus é soberano sobre a História. O Senhor entregou Jeoaquim, rei de Judá, a Nabucodonosor, rei da Babilônia (Dn 1.2).
O cativeiro do povo de Deus havia sido predito pelo profeta Jeremias: “Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos” (Jr 25.11). A frase de Daniel 1.2 quer dizer que, se Deus não entregasse Judá a Nabucodonosor, não teria ocorrido o cativeiro. Tudo o que aconteceu só foi possível porque Deus quis: “o Senhor lhe entregou”. Poderíamos dizer que Deus não queria o cativeiro, que Deus apenas o “permitiu”. Isso seria um grave erro de doutrina. A conquista de Judá pela Babilônia aconteceu porque havia sido decretada por Deus. O Senhor só permite acontecer aquilo que ele decretou; quando ele permite, é porque ele quer.
Em tudo o que acontece, Deus está tratando conosco. Nos eventos de Daniel 1.1-2, Deus tratou com Nabucodonosor e com Jeoaquim. Em seguida, com o próprio profeta Daniel, seus amigos e outros reis. Ainda que sejamos agentes historicamente responsáveis, Deus domina sobre tudo (1Cr 29.12).
Como lemos na Confissão de fé, “desde toda a eternidade e pelo mui sábio e santo conselho da sua própria vontade, Deus ordenou, livre e inalteravelmente, tudo quanto acontece” (III.1). Não precisamos ter medo da vontade de Deus. Sua soberania é exercitada no âmbito de sua santidade. Tudo o que ele faz é bom: “Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (Dt 32.4). O modo como o Novo Testamento afirma isso pode ser
conferido em Romanos 12.2: a vontade de Deus é “boa, agradável e perfeita”. Isso é assim em todas as circunstâncias, mesmo em meio a grandes males e tribulações (Is 45.5-7; Hc 3.15-19).
Pr. Misael