A primeira regra bíblica para a oração é se colocar reverentemente diante de Deus. A comunhão com o Altíssimo envolve tanto a intimidade filial quanto o respeito servil. Por meio do Redentor recebemos o Espírito de adoção, pelo qual clamamos “Aba Pai”, ao mesmo tempo admitindo que “Jesus Cristo é o Senhor”.
A reverência a Deus implica deferência à autoridade divina, foco e obediência.
A oração é diálogo interessado. Quando amamos, desejamos conversar. É por isso que Calvino afirma que àquele que ora com a mente dividida, falta reverência.
[…] que todo aquele que se predispõe a orar, a isso aplique seus sentidos e esforços, sem se deixar, como costuma acontecer, distrair por pensamentos divagantes, porquanto nada é mais contrário à reverência de Deus que essa leviandade, testemunha de uma liberdade demasiado frívola e desligada de todo temor.
(Institutas, iii.xx.v)
Orar exige sobriedade, clareza da razão, concentração em Deus. Se nos aproximamos dele confusos, nada mais fazemos do que proferir palavras ocas. Honramos com os lábios mas o interior está distante de Deus. É necessário despertar a alma de seu sono devocional, preparando-a para a prece através da meditação e elevação (Sl 42.11; 103.1-2; 25.1-2).
Enfim, orar exige a atenção de todo o ser. Estamos na presença do Amado. O cosmos — e isso inclui nossa alma — se aquieta e silencia na oração (Ap 8.1).
Pr. Misael