Em meados do século V, a igreja cristã sofreu com uma série de ataques liderados por um monge chamado Pelágio da Bretanha. Para ele, a vida cristã consistia na capacidade autônoma de vencer o pecado e na salvação conquistada por esforço próprio. Ele defendia que todo ser humano é livre para pecar e deixar de pecar por si só, e não acreditava no pecado original de Adão e Eva como causador da corrupção da vontade. Entendia que as crianças nascem sem pecado, tornando-se pecadoras à medida que pecam durante a vida. Tal posicionamento desdobrou-se em vários desvios doutrinários
Agostinho de Hipona foi um instrumento de Deus no combate ao pelagianismo. Em uma de suas obras, ele ressalta que os seres humanos dependem da graça e misericórdia de Deus (Ef 2.1-4). Sendo o criador de todas as coisas, Deus não deve nada a ninguém. Antes de qualquer reivindicação, o indivíduo precisa saber que nem mesmo a própria existência lhe é devida. Afinal, o que seria devido a alguém que ainda não existe? Dito de outro modo, todos os seres humanos são devedores a Deus por aquilo que receberam: a própria existência. Além disso, são culpados ao se rebelarem contra a santidade do Criador em qualquer número, gênero e grau de pecado.
Alegria é saber que para esse grande abismo existe uma solução, e a única saída é render-se a Cristo, que pagou o escrito de dívida que era contra nós (Cl 2.14). Devemos assumi-lo pontualmente como o único Salvador de nossas almas e caminhar com gratidão por tão grande graça recebida, na orientação e dependência do Espírito Santo. Assim como em Agostinho, que exista o desejo ardente de dar glórias sempre somente a Deus (At 4.12; Ef 2.8-9).
“Seja-nos, pois, Deus propício e faça-nos chegar a entender aquilo em que acreditamos.”
(nota de rodapé) AGOSTINHO, Santo. O livre-arbítrio. São Paulo: Ed. Paulus, 1995, p. 26
Rev. Robson