Há quem more anos na mesma casa provisória. O cômodo apertado se torna confortável. As paredes descascadas ganham quadros. A goteira do teto vira balde estrategicamente posicionado. O colchão no chão recebe travesseiros extras. Aprendemos a desviar dos obstáculos, a ignorar o mofo no canto, a conviver com a vizinhança barulhenta.
Israel rodeou o monte Seir por muito tempo, até que ouviu: “Tendes já rodeado bastante esta montanha; virai-vos para o norte” (Dt 2.3). Deus, em sua providência santa e sábia, governa até os detalhes de nossas jornadas, cada volta no deserto cumpre propósito no plano divino que extrapola nosso entendimento (Sl 145.17). Ele preserva e governa todas as nossas ações (Hb 1.3). Os “arrudeios de toco”, como dizem os mineiros, não escapam ao controle soberano daquele que conta os cabelos de nossa cabeça (Mt 10.30).
Mas reconhecer a providência não é justificar acomodação. O mesmo Deus soberano que permitiu o tempo no deserto agora ordena: avance. Cristo, nosso guia perfeito, não veio para nos deixar girando, mas para nos conduzir à vida abundante (Jo 10.10). Deus proveu no deserto (Dt 2.7), sim, mas Canaã aguarda, não pela nossa força, mas pela graça daquele que começou a boa obra e há de completá-la (Fp 1.6). É tempo de obedecer ao novo direcionamento divino.