Quando cantamos o Hino 107, “Perto da Cruz”, nós declaramos o seguinte: “Quero estar ao pé da cruz, // que tão rica fonte // corre franca, salutar, de Sião no monte”. E prosseguimos, entoando o coro: “Sim, na cruz, sim, na cruz sempre me glorio // E, por fim, descansarei salvo, além do rio”.
Bonito de cantar, mas o que significa isso?
Colocar-se “aos pés da cruz” é desconfortável, por conta de duas coisas, a primeira, a contemplação de Jesus crucificado, e a segunda, a admissão de que ele foi rejeitado e morreu por minha (e nossa) causa.
Jesus crucificado é desagradável especialmente para nós, crentes protestantes e evangélicos, porque eu mesmo já escrevi, em meus tempos de adolescência pastoral, que o crente evangélico não enfatiza o Jesus na cruz e sim, o Jesus ressurreto. Depois de um tempo eu me dei conta de que, ao dizer isso, eu contrariava a palavra apostólica, em 1Coríntios 2.2: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (grifo nosso). De fato, “imaginar” Jesus crucificado é tarefa evangélica, necessária para nossa saúde espiritual, pois pensando nele na cruz, podemos dimensionar melhor a vileza e gravidade de nossos pecados, que não são abstrações, mas atos que aviltam Deus Pai, machucam Deus Filho e entristecem Deus Espírito Santo.
Por que (ou por quem) Jesus morreu?
Por mim — por causa do que eu pensei, senti e pratiquei. Por causa de minha teimosia em não viver conformado à “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2), apesar de conhecê-lo e a suas ordenanças.
Por conta disso, eu não posso sair deste lugar — do pé da cruz. Enquanto eu seguro a haste do madeiro, o sangue de Jesus cobre minha mão e se espalha por meu braço e sobre minha vida. Quando eu penso em sair daqui, sou trazido de volta, por bondade e graça de Deus. Que esta seja sua experiência, querido irmão!
Rev. Misael