Estamos marchando com dois pés em direção ao céu. Um destes chama-se arrependimento; o outro, fé. Porque eu creio, arrependo-me de certo pecado, hábito ou atitude. Visto que me arrependo, procuro aprender mais para fortalecer minha fé. Esta me conduz a mais arrependimento. Esquerda, direita… esquerda, direita — um pé após o outro — fé e arrependimento, fé e arrependimento.
Isto foi muito bem ilustrado no livro O Peregrino, de John Bunyan. Naquela história alegórica, Cristão arrependeu-se porque a Cidade da Destruição era maléfica. Isto o conduziu à fé. Ele pensou novamente e leu sua Bíblia, o que o levou à fé em Cristo. Esta, por sua vez, o trouxe ao arrependimento, que o motivou a abandonar a Cidade da Destruição. Com esses dois passos (arrependimento e fé), Cristão prosseguiu adiante, até à Cruz, onde seus pecados foram removidos. Em seguida, caminhou em direção à Cidade Celestial, arrependendo-se e crendo durante toda a jornada.
Um dos principais erros a evitarmos é a ideia de que precisamos acumular certa quantidade de arrependimento, antes que, de uma vez por todas, creiamos em Cristo para a salvação. De maneira alguma! A certeza da fé para a salvação é uma ordem divina: “Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (At 16.31). Se admitimos a ideia de que precisamos ter certa quantidade de arrependimento, antes que tenhamos a fé salvadora, [para] onde isto nos conduzirá? Quem pode dizer-nos se já pensamos com suficiência ou demonstramos bastante tristeza em nosso reconhecimento e arrependimento do pecado? Se cremos que Jesus é o Filho de Deus, capaz e disposto a perdoar-nos e transformar-nos, isto em si mesmo constitui o arrependimento adequado para nos rendermos completamente a Cristo, por meio da fé.
Erroll Hulse. The Great Invitation. Inglaterra: Evangelical Press, 1986, p. 58. Publicado no Boletim 137, de 12/08/2012.