Uma das marcas da sociedade contemporânea é que cada um erige “sua verdade”, segundo suas pressuposições, e deve ser “aceito” por ela. Vi duas jovens debatendo sobre a possibilidade ou não de se ler as Escrituras com sentido único. Uma, com tendência agnóstica, pretendia incutir na mente da outra que não havia conhecimento suficiente para se compreender a Bíblia, logo, ela poderia não acreditar nela, ou, simplesmente, fazer sua própria leitura. A outra, depois de pensar um pouco, bateu o martelo: a verdade é que cada pessoa lê a Bíblia de um modo e deve ser aceita!
Qual seria a razão de Deus revelar sua vontade admitindo mais de um sentido? Em um diálogo, nossa fala pode ser interpretada livremente, ou só somos compreendidos quando ela é entendida segundo aquilo que pretendemos revelar? Assim é com a verdade de Deus: ela só admite o sentido que Deus pretendeu dar a ela, e não seus leitores. As ilações de cada pessoa só valem na medida que refletem a verdade única de Deus. Não há motivo para Deus permitir que seus leitores interpretem a Bíblia com significados contraditórios. Isso traria confusão e Deus não teria base para julgar os pecados humanos, pois ao serem acusados de seus erros, os pecadores diriam a ele que agiram de tal maneira, pois assim entenderam. Todos estariam justificados de seus pecados e Cristo teria morrido em vão.
Sim, com boa teologia e a iluminação do Espírito Santo, é possível conhecer a vontade única de Deus revelada em sua Palavra. Do contrário, para que serviria a Bíblia?
Rogério Cruz.