Lamentações 3.17-24 contém uma palavra de Jeremias, homem de Deus que não se escondeu detrás de um sorriso fingido, nem assumiu uma espiritualidade fanática. Jeremias se portou como profeta solene, cercado por falsos mestres divertidos. Quando Judá caiu, ele foi deixado com os velhos e doentes, em meio a destroços e cadáveres. Então, ele chorou.
Sugado pelo abatimento, o profeta buscou a Deus. Eis o turbilhão de sua mente deprimida: “Afastou a paz de minha alma; esqueci-me do bem. […] já pereceu […] a minha esperança no Senhor” (Lm 3.17,18). Mesmo amargurado, ele clamou: “Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do veneno” (Lm 3.19). A fé o animou a pronunciar o “lembra-te”, mesmo depois do coração ferido proferir o “já pereceu”.
Jeremias se esforçou em pensar em coisas boas, que podiam “dar esperança” (Lm 3.21). E o que dá esperança é o evangelho. Jeremias mencionou a graça (as “misericórdias” divinas, diuturnamente renovadas) e a fidelidade de Deus (que é “grande”; v. 23). Neste ponto, sua profecia apontou para Cristo. O abatido repete para si que não merece ser abençoado. O evangelho responde que sem a graça de Deus seríamos consumidos, mas por ela, viveremos e venceremos. A confiança no evangelho produz estrutura para suportar a dureza da vida.
Parece que Jeremias conhecia bem as palavras de outro profeta: “[…] o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra” (Is 66.2).
Pr. Misael.