O salmista afirma com confiança: “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Salmo 115.3). Nesses tempos duros, eis uma verdade a ser relembrada. Não estamos sós, Deus cuida de nós; os fatos que nos acometem decorrem das determinações do Senhor.
Para algumas pessoas, o ensino bíblico sobre a soberania de Deus pode parecer ofensivo; a ideia de um Deus que faz, de fato, o que quer, soa estranha e assustadora. Os crentes, por sua vez, se alegram com esta revelação e descansam no bendito criador. Calvino, com sua costumeira precisão cirúrgica, afirmou que “o extremo de todas as misérias é o desconhecimento da providência”. Saber que fomos criados, somos amados e cuidados por Deus é fundamental para nossa saúde espiritual e emocional.
Somos responsáveis e ao mesmo tempo dependentes. Somos agentes na história, enquanto fruímos daquilo que foi decretado por Deus, na eternidade. Caminhamos segundo um propósito, somos regidos por uma vontade superior. Trabalhamos, nos esforçamos, fazemos o que é necessário para nosso bem e o de nosso próximo. Sabemos, porém, que os projetos são implementados segundo a vontade de Deus.
As forças do caos se levantam e o exército do inimigo marcha contra nós. Deus contém os ímpetos dos opositores e, ainda que sejamos atingidos, sabemos que isso também decorre do conselho do Altíssimo, de modo que o adoramos, independentemente das circunstâncias. Assim sendo, cotidianamente, cremos e avançamos, mesmo que pareça aos incrédulos que estamos sendo derrotados.
Medito nesta doutrina e penso nas prateleiras das livrarias evangélicas. Os livros sobre liderança, crescimento de igrejas e espiritualidade praticamente desconsideram este ensino. Dizem que liderar é “influenciar pessoas”, as igrejas que caminham segundo a “visão” de Deus “sempre crescem” e que os cristãos consagrados são “saudáveis”, “sorridentes” e maravilhosamente “prósperos”. Não sobra muito alento para as almas sóbrias e verdadeiramente piedosas. Alguns de nós começam até mesmo a sentir-se inadequados, quando se vêem rodeados de tantos obreiros e crentes “poderosos”.
Não buscamos “grandes coisas”, não almejamos “coisas maravilhosas demais”. Queremos fazer “calar e sossegar” nossas almas, de modo semelhante à “criança […] nos braços de sua mãe” (Salmo 131.1-2). prosseguimos com calma, suplicando a direção e bênção divinas. A ele entregamos o nosso passado, presente e futuro. Deus está no controle.
Rev. Misael. Publicado no Boletim 020.