A mídia insiste em descrever o amor como algo doce, suave e confortável. Isso é parcialmente verdadeiro. Ainda que o romantismo como movimento artístico, político e filosófico, tenha surgido somente a partir do século 18, já encontramos declarações românticas na Palavra de Deus: “Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, pois desfaleço de amor” (Cânticos 2.5).
O amor, porém, não é apenas doce, mas, também, amargo. O amor bíblico mantém-se além das boas sensações, a fim de confirmar a aliança. Aliás, eis o distintivo do amor verdadeiro, a aliança. É amor para o riso e para as lágrimas, para a alegria e para a dor, capaz de autonegação e sofrimento. Amor doce como chocolate que exige, às vezes, que provemos amarguras semelhantes às do jiló.
Mas não apenas isso. O amor verdadeiro, além de doce e amargo, é forte. Orientado por Deus, atrai e firma, motiva e convence, desafia e fortalece. É o amor que convoca para a luta, que “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Coríntios 13.7). Nesse sentido, há vários pontos de identificação do amor com a fé, até porque Jesus personifica esse amor. Encontramos nele doçura, dureza e força. Ele nos recebe carinhosamente, exige de nós sacrifícios que, à primeira vista, parecem amargos e paga o preço para obter-nos, sacrificando sua própria vida na cruz. “Meu Deus, que amor! És sempre e todo amor!” (Hino 88 do Hinário Novo Cântico).
A cultura vigente preconiza o romantismo erótico fora do casamento, um “amor” apenas doce, mas que não se sujeita às amarguras e demandas de força da aliança; promiscuidade travestida de sensibilidade afetiva, algo muito diferente do amor bíblico.
Amor apenas doce é devaneio desmiolado; amor indisposto ao enfrentamento das amarguras é mero sentimento oco; amor que não se submete à aliança é fraco, não resiste aos trancos da existência. Precisamos do amor verdadeiro, do amor da aliança. As imitações não glorificam a Deus nem satisfazem aos profundos anseios de nossas almas.
Pastoral publicada no Boletim 89, de 11/09/2011. Rev. Misael.