Vivemos o cumprimento das palavras do apóstolo: “nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, […] arrogantes, […] desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, […] sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus” (2Tm 3.1-4).
O ego é supervalorizado e orientado para a busca de sua própria satisfação, a despeito dos laços familiares afetivos. “Eu quero e tenho de ser feliz” é a ideia vigente, contrariando o chamado de Jesus à humildade e obediência (Mt 11.29; Fp 2.5-8).
Nas famílias cristãs é cada vez mais comum pais crentes terem medo de contrariar as vontades de seus filhos. Filhos recebem instruções de seus pais e desobedecem sem piscar. Na lógica canhestra do século 21, cabe aos pais suprirem todas as necessidades de seus filhos e cabe aos filhos somente “serem felizes”, mesmo que para isso tenham que contrariar os pais. E os pais que se virem, demonstrando maleabilidade, gentileza e generosidade, mesmo diante de deslavada rebeldia.
O ego deve ser tratado pelo amor e quem ama intervém (Mt 18.15-20). Deus ama perfeitamente e, por isso mesmo, ele às vezes nos força a fazer coisas que nos desagradam. A Abraão ele pediu o sacrifício de Isaque (Gn 22); ao tímido Moisés ele incumbiu de liderar a saída dos judeus do Egito (Êx 3—4); ao adolescente Jeremias ele constituiu profeta aos exilados, proibindo-lhe de casar-se (Jr 1.4-8; 16.1-2); ao teimoso Jonas ele literalmente “forçou” que fosse a Nínive pregar uma mensagem de juízo (Jn 1.1—3.4). O Senhor contrariou os egos de seus filhos com o objetivo de ama durecê-los e garantir-lhes bênçãos superiores. Como excelente Pai, ele continua fazendo isso hoje.
Pais não devem ter medo de intervir. Cabe resgatar valores práticos de convivência familiar e capacitação para a vida reta.