O primeiro fruto da verdadeira conversão é a fé. Não simplesmente fé na fé ou crença sem substância, mas fé conforme lemos a seguir:
A graça da fé, por meio da qual os eleitos são habilitados a crer para a salvação da sua alma,[1] é obra que o Espírito de Cristo faz no coração deles [2] e é ordinariamente operada pelo ministério da Palavra;[3] por esse ministério, bem como pela administração dos sacramentos e pela oração, ela é aumentada e fortalecida[4] ([1]Hebreus 10.39; [2]2Coríntios 4.13; Efésios 1.17-20; 2.8; [3]Romanos 10.14, 17; 1Coríntios 1.21; [4]1Pedro 2.2; Romanos 1.16-17; Lucas 22.29; Mateus 28.19-20; João 6.54-56; Romanos 6.11; Lucas 17.5; 22.32).
Note que este fruto da fé é uma graça. Não é pensamento positivo ou qualquer coisa produzida por nós. É uma confiança que depositamos em Deus porque ele nos capacitou a fazê-lo. O Espírito Santo nos regenera; ele amolece nossos corações, muda nossas inclinações e torna Deus atrativo a nós. Então o desejamos e buscamos. Como náufragos em meio a ondas furiosas, abraçados firmemente em seus botes salva-vidas, assim nós nos apegamos a Cristo. Mas isso somente pela graça — porque fomos “habilitados a crer para a salvação da alma”.
O fruto da fé brota e amadurece mediante o serviço da Palavra e dos sacramentos, efetivados pelo Espírito em resposta às orações. Quanto mais as Sagradas Escrituras encontram eco em nossa vida; quanto mais participamos do Batismo e da Ceia com sinceridade de alma; quanto mais encontrarmos prazer na comunhão pessoal com Deus, mais a nossa fé é aumentada e fortalecida.
Muito mais do que no fazer, a fé salvadora destaca-se pelo ser e pelo estar. Nós somos filhos de Deus; estamos nele e com ele (Romanos 8.15-16). Que diferença faz ser e estar! Eu fui operado aos doze anos, e me lembro de meu pai entrando na enfermaria logo após a cirurgia; barba espetada e sorriso no rosto. Tudo melhorou; ele era meu pai e estava comigo. Fé salvadora produz a graça da comunhão. A inimizade acabou; fomos aproximados de Deus pelo sangue de Cristo no poder do Espírito. Desfrutamos da doçura da Trindade na Palavra, nos sacramentos e na oração.
Rev. Misael. Publicado no Boletim 148, de 28/10/2012.