Acontece às vezes. A gente pega carona com alguém e após alguns segundos percebe que não confia no motorista. Lembro-me de uma experiência ocorrida na década de 90. Eu ia de meu trabalho até minha casa com um amigo que dirigia freneticamente. A cada mudança de faixa, curva ou freada brusca eu me agarrava no assento. Instintivamente, alternava as posições de minhas pernas e assumia a postura de um motorista, antevendo os possíveis desastres, derretendo de ansiedade a cada nova manobra. O colega de trabalho olhou-me e verificou que eu estava travado pelo medo — e riu muito.
Estar sob a direção de outra pessoa, sem nenhuma possibilidade de interferir no trajeto ou mesmo no modo de condução do veículo — isso exige fé. Eu preciso confiar no caráter (estar certo de que o condutor tem boa índole e equilíbrio emocional; não pretende suicidar-se, nem ferir-me) e nas habilidades (saber que o condutor possui capacidade para dirigir o veículo eficientemente) do motorista. Isso me faz lembrar de um hino:
As tuas mãos dirigem meu destino!
Ó Deus de amor, que seja sempre assim!
Teus são os meus poderes, minhas vida;
Em tudo, eterno Pai, dispõe de mim.
Meus dias sejam curtos ou compridos,
Passados em tristezas ou prazer,
Em sombra ou luz, de acordo com o teu plano
É tudo bom se vem do teu querer. (Hino 163 do Novo Cântico).
Parece que as tentativas que faço, de alterar a direção de minha vida, são semelhantes aos meus trejeitos desengonçados, no banco de passageiro daquele Fiat Uno, em 1993. O veículo continua sendo guiado pelo verdadeiro condutor e a mim, cabe ter fé. Aquele que dirige nossos destinos é o Deus de amor, perfeito em seu modo de encaminhar as coisas: “é tudo bom se vem do teu querer”.
Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé (Habacuque 2.4).
Rev. Misael. Publicado no Boletim 030, de 25/07/2010.