“Se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá” (Sl 27.10). Este texto é significativo por duas razões. Primeiro, ele é realista. Os pais deveriam sacrificar-se pelos filhos, mas há pais que os desamparam ou cometem erros graves e quase irreparáveis. Ser repudiado ou lidar com a morte ou divórcio pode gerar um sentimento de desamparo nos filhos. E há filhos desassistidos vivendo com os pais inacessíveis ou que não constroem uma relação saudável. Pra completar, ocorrem entreveros ocasionais. Em tais situações, pais e filhos sentem-se desvalidos apegando-se às suas promessas bíblicas prediletas. Os pais desejam que os filhos sejam sua proteção (Sl 127.3-5). Os filhos, que os pais os supram como o Bom Pastor (Sl 23.1-3a).
Se ocorrer o pior, “o Senhor me acolherá”. Deus é fiel e cuida de nós. Destarte, podemos lidar com o desamparo com revolta ou fé. Alguns são tomados por raiva e assumem-se como vítimas mergulhadas em autocomiseração. Odeiam aos que não as “amaram o suficiente”, isolando-se e secando por dentro.
Cada desamparo é uma oportunidade para sermos acolhidos por Deus. Decepção rima com comunhão; o Altíssimo nos abraça na tristeza. Suplicamos por seu apoio e somos curados e fortalecidos. Davi foi um pai cheio de falhas. Três de seus filhos (Amnom, Absalão e Adonias) responderam ao desamparado paterno agressivamente (2Sm 13.1—18.33; 1Rs 1.1—2.25). Apesar disso, aquele pai moído pelas adversidades familiares afirmou: “Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes” (Sl 27.13). Davi falhou com seus filhos e sabia que outras pessoas podiam frustrá-lo também. Ele percebeu Deus como fortaleza de sua vida e, a despeito de seus pecados e fragilidades, recobrou ânimo. Se temos a mesma fé, de quem temos medo? (Sl 27.1).
Pr. Misael. Publicado no Boletim 241 | 10 de agosto de 2014.