Uma família de discípulos de Jesus
Exposição de Judas

Nossa identidade [Jd 1.1]

Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo (Jd 1.1).

É importante saber quem somos. Não saber que somos produz grande perturbação. Uma das fontes de angústia na adolescência é exatamente o processo de definição e consolidação da identidade. É terrível o problema das pessoas que, por um acidente ou enfermidade, perdem a memória. Nossa identidade tem relação com nosso lugar no mundo.

As inclinações do nosso coração, bem como as investidas do diabo e do mundo focalizam confusão com relação à nossa identidade. É a partir dessa base que normalmente somos derrotados em termos de santidade prática. Por isso tal assunto é importante. O texto lido (Jd 1.1) nos fornece três informações sobre a nossa identidade.

I O cristão é chamado

Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo (Jd 1.1).

O termo klētos é usado no NT de maneira geral, referindo à vocação externa do evangelho
(Mt 20.16 e 22.14 — “muitos chamados e poucos escolhidos”).

O vocábulo se refere, especificamente, ao chamado tridimensional de Deus para os discípulos:

  1. Os discípulos são chamados para serem de Jesus Cristo — regeneração e conversão (Rm 1.6; 1Co 1.24; 2Tm 1.9).
  2. Os discípulos são chamados para o serviço ao Senhor — ministério (Rm 1.1; 1Co 1.1).
  3. Os discípulos são chamados para serem santos (Rm 1.7; Cf. Ef 1.4). A prática da santidade pressupõe luta espiritual (Ap 17.14).

O autor do chamado é sempre Deus. O chamado corresponde ao cumprimento histórico da vontade de Deus (cf. Rm 8.28).

Somos chamados. Onde encontramos propósito? No chamado de Deus!

II O cristão é amado

Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo (Jd 1.1).

Ainda que alguns manuscritos (e.g., o Texto Majoritário, TM) traz “santificados”; é boa a escolha da ARA (que opta pelo Novum Testamentum Graece, BNT, de Nestle-Aland, 27ª Edição) que traz “amados”.

O termo agapaō, se refere ao amor de Deus (Jo 3.16), de Jesus pelo jovem rico (Mc 10.21) e do apóstolo Paulo pelos cristãos de Corinto (2Co 12.15).

A fonte e origem deste amor é o próprio Deus: “[…] amados em Deus Pai […]”; cf. 1João 4.19: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”. Sendo assim, neste amor temos segurança (Hino 144 do HNC). Por meio deste amor, desfrutamos da plenitude de Deus (Ef 3.17-19).

Somos amados em Deus Pai. Quem nos perfeita e incondicionalmente? Deus (cf. Sl 27.10)!

III O cristão é guardado

Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo (Jd 1.1).

O termo tēreō é usado, no NT com o sentido de vigiar, montar guarda ou manter sob custódia (Mt 27.36, 28:4; At 12.5, 24.23, 25.21); guardar para uso no momento adequado (Jo 2.10); preservar (Jo 17.11 e 15), manter ou conservar (1Co 7.37; 1Tm 6.14; 2Tm 4.7; 1Pe 1.4; Jd 1, 13; Ap 3.10, 16.15); observar, prestar atenção (Mt 23.3, 28.20; Mc 7.9; Jo 9.16, 14.15, 21; Ap 3.8, 10, 12.17, 22.7).

O termo se refere à preservação dos eleitos até a glorificação:

O grego também pode ser traduzido “guardados para Jesus Cristo”. O eleito perseverará na fé porque Deus o preserva (v. 24; Jo 10.27-30; 1Pe 1.5). Bíblia de Estudo de Genebra, 2 ed., nota 1, p. 1714.

Cf. Filipenses 1.6. Quem garante a nossa salvação é o próprio Deus. Na sua promessa encontramos descanso (Mt 11.28-30; Jo 5.24; Rm 8.30-39).

Somos guardados em Jesus Cristo. Quem nos protege? Deus (Sl 34.7-8)!

Concluindo…

O fato de sermos chamados, amados e guardados faz toda diferença em nossa vida espiritual. Judas começa esta carta com tais afirmações por um motivo muito simples: Só podemos enfrentar todos os desafios da vida cristã como cristãos — sabendo quem somos, assegurados da boa intenção de Deus para conosco e absolutamente descansados nas promessas divinas.

Como crentes, concordamos com isso que a Bíblia afirma sobre nós. Ainda que nossos corações enganosos ou mesmo o acusador tentem nos convencer do contrário, prosseguimos afirmando que temos um propósito como chamados de Deus; que, em todo tempo, somos amados por ele e, mesmo diante de intensa batalha, somos por ele guardados, para glória de seu nome em nós. Amém.

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