Em Daniel 1.1, nós lemos que “no ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou”.
Essas poucas linhas indicam que a História é constituída de ação humana. Nabucodonosor teve de “ir” a Jerusalém a fim de “sitiá-la”. Ele não conquistaria a cidade e o país, sem estabelecer uma estratégia militar, organizar suas tropas, marchar e subjugar a capital do reino de Judá. Nós também planejamos, executamos e respondemos diante da História e de Deus por tudo o que fazemos ou deixamos de fazer. Possuímos “livre agência”, que não é a mesma coisa que livre arbítrio.
Em Teologia, livre arbítrio é a capacidade de escolher a salvação e isso nenhum homem natural possui (Deus precisa vir até nós, dando-nos vida espiritual, para que possamos responder ao evangelho). Livre agência é a capacidade de tomar decisões necessárias à vida comum e de responder diante de Deus e da sociedade por escolhas morais e administrativas.
A derrocada de Jerusalém decorreu de erros cometidos por Jeoaquim e da ação estratégica de Nabucodonosor. Sem estas ações e omissões humanas, Judá não teria ido para o cativeiro.
É a livre agência que fornece base para a ética. O homem é um ser moral, pode escolher obedecer ou desobedecer às regras sociais e tem de ser punido quando as desobedece. Finalmente, é no âmbito da livre agência que os homens responderão diante de Deus, no juízo final: “E os mortos foram julgados segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros” (Ap 20.12 — grifo nosso). Em suma, somos moral e historicamente responsáveis; não somos fantoches manipulados por um criador caprichoso. O Cristianismo não é determinista, mas afirma a responsabilidade administrativa, moral e espiritual do ser humano.
Pr. Misael