Viver a “vida comum do lar” é desafiador (1Pe 3.7). Especialmente se o esposo é pastor, que a cada parafuso apertado ou louça lavada pensa em Bíblia. Nesta semana sobrou até para a esponja dupla face. Fiquei um bom tempo pensando na bênção que é esse dispositivo, dotado de um lado macio e outro áspero, no quanto ele me remete à graça purificadora de Deus.
A Escritura fala muito sobre purificação. Para Isaías, “purificar-se” ou “lavar-se” equivale a “tirar a maldade” e “cessar de fazer o mal” (Is 1.16). Ezequiel enxerga um tempo em que o Espírito de Deus nos purificaria de nossas imundícias e ídolos e tal promessa se cumpriu com a vinda de Jesus e o Pentecostes (Ez 36.25 ; At 2.1-4). Isso quer dizer que, se você é um cristão verdadeiro, Deus o purifica diariamente.
Eis-me, então, diante da pia. Em minhas mãos, uma esponja dupla face embebida de detergente. A limpeza de algumas coisas pode ser feita com o lado macio da esponja. A de outras exige o áspero (o fundo engordurado de uma panela de pressão, por exemplo). E dependendo da dificuldade em retirar a sujeira, deixo a esponja dupla face de lado e apelo para uma esponja de aço, empregando mais força física.
Se à semelhança dos bules e xícaras de A bela e a fera, os utensílios domésticos pensassem e falassem, provavelmente diriam que gostam mais do lado macio da esponja. E mesmo a panela mais encardida reclamaria muito ao ser esfregada com a esponja de aço.
Para nos purificar, Deus usa ambos os lados da esponja. Às vezes o macio é suficiente; às vezes, o necessário é o áspero. E há ocasiões em que ele tem de esfregar forte, quando estamos impregnados de sujeira persistente (pecados pegajosos e repletos de contaminação). No fim das contas, ele nos limpa. Se você quiser saber a marca da esponja que ele usa, é só buscar pelo rótulo na embalagem: “Palavra de Jesus” (Jo 15.3).
Pr. Misael
(publicado originalmente no Boletim 395).