O Dr. André Comte-Sponville é filósofo e ensaísta francês, conhecido no mundo acadêmico pelo livro intitulado O espírito do ateísmo. Naquela obra ele explica por que não acredita em Deus. Prestemos atenção em seu argumento:
Uma das minhas principais razões para não crer em Deus é que não tenho nenhuma experiência dele. […] Ninguém me tira a ideia de que, se Deus existisse, deveria ser muito mais visto ou sentido. Bastaria abrir os olhos ou a alma. É o que procuro fazer. E, quanto mais consigo abrir, mais é o mundo que vejo, mais é aos humanos que amo. A maioria dos nossos teólogos e alguns dos nossos filósofos se empenham em nos convencer de que Deus existe. Muito amável da parte deles. Mas, afinal, seria mais simples, e mais eficaz, Deus consentir em se mostrar! Livro citado, p. 92-93.
Comte-Sponville é impedido pela Queda de entender que o Universo comunica que Deus existe, de modo suficiente quanto ao juízo condenatório, mas insuficiente quanto à salvação (Sl 19.1-14; Rm 1.18-23; 2.12; 1Co 2.14).
Há um sentido em que o conhecimento de Deus requer busca inteligente e desejosa de crer, inquirição jungida à oração (Jr 29.12-14; 33.3). Deus demonstra quem ele é através de atos (e.g., a criação e os sinais do Êxodo) e ditos de autorrevelação (Êx 34.6-7).
Deus se revela como Salvador na pessoa e obra de seu Filho, Jesus Cristo (Jo 1.18; 5.37-39; Hb 1.1-3). Para que apreendamos Cristo e sejamos salvos, carecemos de graça, ou seja, o conhecimento de Deus ocorre no âmbito da regeneração e iluminação espiritual e cria raízes por meio da fé (1Co 2.9-10,14-16; 2Co 4.3-6). Como disse Jesus, “ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido” (Jo 6.65). Aos seus eleitos, Deus se dá e deixa experimentar por meio de Cristo, na Escritura iluminada e aplicada no coração pelo Espírito Santo (Rm 1.16-17; 10.17; 2Co 3.15-17).
Que Deus, por pura graça, nos conceda o conhecimento experimental de seu ser e de sua salvação!
Pr. Misael