A resposta dada pelos três amigos de Daniel ao rei Nabucodonosor é paradoxal e estonteante (Dn 3.16-18). Após questionados pelo rei quanto à natureza do poder de seu deus, se ele, de fato, poderia livrá-los de sua mão (v. 15), estes homens disseram o seguinte:
Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste (v. 17-18).
Onde está o paradoxo? Está, de um lado, no desejo de ser livre da morte; de outro, na aceitação da morte, caso ela venha. Veja que no v. 17, os amigos desejam ser livres da fornalha, mas note como inicia o v. 18: “Se não […]”. Quer dizer, eles desejavam ser livres do tormento, mas pode ser que essa não fosse a vontade de Deus. De qualquer forma, eles compreenderam que se morressem confiando que a vontade de Deus era melhor do que a deles, então, o livramento aconteceria: seja da morte ou pela morte, Deus os livraria do fogo e das mãos do rei iníquo.
O que é estonteante nisso? É a convicção de quem era Deus na vida deles: Deus era Deus, sentado em seu trono de glória e cuja vontade era soberana e melhor do que a deles, não importando a situação. Houve uma rendição plena diante da majestade de Deus naquele momento. Eles não forçaram Deus a livrá-los a todo custo da fornalha, mas se submeteram à vontade dele que é sempre “boa, agradável e perfeita” (Rm 12.2)
e cujos planos são mais altos dos que os nossos (Is 55.9) e não podem ser frustrados (Jó 42.2).
Se você está enfrentado a fornalha do sofrimento, saiba duas coisas: Deus está no fogo com você e a vontade dele é melhor do que a tua, seja para te curar, seja para te levar para o paraíso. Deus é Deus!
Rogério Cruz