Dentre os ensinos valiosos de Jesus destaca-se este, sobre a oração. A prece pode ser conferida em Mateus 6.9-15 e Lucas 11.1-4. No Terceiro Evangelho, a instrução segue o pedido “Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos” (Lc 11.1). Em Mateus, a oração é inserida no sermão do monte, que é a Carta Magna do reino de Deus. O Pai Nosso é a oração do reino por excelência.
O Senhor Jesus alerta para a realidade da tentação. Um estudioso explica que “o objetivo desta petição não é realmente ser preservado da tentação, e sim ser protegido na tentação”.1 Daí ele afirma que “a súplica final do Pai Nosso não pede que a tentação seja poupada àquele que ora, mas que Deus o ajude a vencê-la”.2 A vida cristã é diuturnamente testada.
Nós somos atacados por tentações, seres em conflito, lidan- do com ondas (agitações interiores) que vão e vêm, diferentes armadilhas, incontáveis ataques e sorrateiras propostas. Nes- ses termos, combinamos com a descrição de Ferreira Gullar: “Uma parte de mim pesa, pondera; outra parte delira. […] Uma parte de mim é permanente; outra parte se sabe de repente”.3
Jesus fala a judeus, cumpridores de seus “deveres religiosos”, mas que não conseguem passar uma semana sem pecar. Uns se acham bons demais, não admitem que são tentados. Outros, assombrados pelas tentações não dormem, não co- mem nem trabalham direito, ou seja, sentem-se esgotados.
Nosso Senhor deseja que admitamos a realidade da tentação não para ficarmos obcecados com ela, mas sim, para que a enfrentemos com os recursos de Deus. É possível rogar, com humildade e fé: “Ó Deus, não me deixe cair”, ou, como cantamos no Hino 153: “Com tua mão segura bem a minha, pois eu tão frágil sou”. Nós podemos contar com ajuda celestial!
Pr. Misael.
1 JEREMIAS, Joachim. O Pai Nosso. São Paulo: Paulinas, 1976, p. 52.
2 JEREMIAS, op. cit., p. 53.
3 GULLAR, Ferreira. “Traduzir-se”.