Nesta pastoral eu aponto para duas outras abordagens do artigo intitulado Jesus: A Verdade Por Trás do Mito, publicado na revista SUPERINTERESSANTE (edição 312, dezembro de 2012, p. 54-63). Primeiro, a referência aos magos — “os três reis magos não eram reis. Nem eram três” (p. 57) — e, por fim, a afirmação de que Jesus “era moreno, baixinho e de cabelo curto” (p. 58). O inconverso lê estas coisas e pensa que o Cristianismo é uma farsa, o que a Bíblia diz não é confiável e as afirmações dos crentes sobre Jesus são mentirosas. Isso pode abalar a muitos, mas não aos cristãos biblicamente inteligentes.
De acordo com o texto da Sagrada Escritura, quando Jesus nasceu “vieram uns magos do Oriente a Jerusalém” com o propósito de “adorá-lo” (Mateus 2.1-2). Ao encontrarem José, Maria e o menino em Belém, prostraram-se, adoraram e ofereceram a este último “ouro, incenso e mirra” (Mateus 2.11). O fato de alguns cristãos sugerirem que tais magos eram três reis não corresponde a nenhuma “mitologia”, como afirma a SUPERINTERESSANTE, e sim a possibilidades legítimas de interpretação. A realeza daqueles magos é cogitada por causa da preciosidade de seus presentes; dizer que eles eram três é a leitura mais natural do Evangelho, uma vez que três é a quantidade das ofertas.
O mais importante, porém, é entendermos que Mateus foi inspirado pelo Espírito Santo para nos ensinar que o Natal foi celebrado pelo cosmos. O fenômeno astronômico da estrela que guiou os magos aponta para a redenção do universo. Ao vir ao mundo realizar a redenção do homem, Jesus garantiu a redenção da criação (cf. Romanos 8.18-23; Colossenses 1.13-20). Além disso, diante dele se dobra toda a sabedoria oriental. Os cristãos não precisam se voltar para crenças e filosofias orientais; os magos vieram do Oriente para adorar ao Redentor.
Por fim, a afirmação sobre a aparência de Jesus pode abalar as tradições religiosas apegadas a imagens, mas não aos cristãos protestantes. Nós não temos o costume de adornar nossos templos com figuras de Jesus, nem propomos qualquer exercício de imaginação sobre seu biótipo, cor de pele ou feição. O que sabemos é o que nos disse o profeta: “não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse” (Isaías 53.2). Nós não nos preocupamos com o modo como ele se parecia na terra, porque estamos certos de que o veremos como ele é exaltado na glória (1João 3.2; cf. Apocalipse 1.9-20).
Neste mês natalino, especialmente hoje, quando recebemos novos membros por profissão de fé, nós declaramos que cremos em Jesus, o Senhor do Natal. Assim como aqueles magos, nós o buscamos. E ao encontrá-lo, nos alegramos tanto que prostramo-nos e a ele oferecemos tudo o que somos e temos, agora e eternamente. E o que ele pede de nós? “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos” (Provérbios 23.26).
Que esta seja nossa experiência neste Natal.
Rev. Misael. Publicado no Boletim 155, de 16/12/2012.