As pastorais dos Boletins deste mês demonstram como algumas revistas especializadas lidam com as coisas da religião, selecionando e formatando as declarações da Bíblia como melhor lhes convém. Por detrás de toda “objetividade jornalística” identifica-se o “materialismo científico”. Dizem que o Cristianismo é uma formulação sociológica e as Escrituras não são “Sagradas”, mas um registro de crenças articuladas ao longo das eras.
Se isso é assim, aquilo que os evangelistas escreveram sobre Jesus não passa de uma composição dos primeiros crentes. Jesus não é o Filho unigênito de Deus, não nasceu de uma virgem, não morreu para salvar os pecadores e muito menos ressuscitou. A fé cristã que sacudiu impérios é finalmente domesticada. O homem, antes confrontado pelo Deus de Abraão, Isaque e Jacó que se revelou plenamente em Jesus Cristo, agora questiona a religião e a considera invenção ou mito sem qualquer importância.
Eu desafio você a ler todas as reportagens escritas sobre a pessoa e obra de Jesus, publicadas nestas revistas. Mudam as capas e as ilustrações internas, alteram-se títulos e colunistas, mas escreve-se sempre a mesma coisa. Alardeiam que agora há um perfil “científico” ou “histórico” de Jesus. O Jesus da Bíblia é o “Cristo da fé”, uma fábula que funciona para os crentes, e só. Eles anunciam que estão publicando uma “novidade”, mas tudo não passa da velha ladainha da incredulidade.
Os cristãos se sentem desconfortáveis com tais ataques. No entanto, sejamos honestos e reconheçamos em nós uma tendência semelhante. Somos também inclinados a lidar com as coisas divinas à nossa maneira. Temos nossas passagens bíblicas favoritas interpretadas segundo nossas conveniências. “Criamos” um “Jesus” à nossa imagem. Ao invés de sermos moldados por ele, somos nós que o moldamos. Isso se aplica não apenas às nossas ideias acerca do Natal, mas à vida cristã como um todo.
O Cristianismo não nos pertence. Ainda que digamos que Cristo seja “nosso”, nós é que somos dele. Nós não criamos o Natal, a cruz ou o túmulo vazio na manhã do terceiro dia. O Deus vivo interveio na história. Deus tornou-se carne em Cristo. Redimiu-nos (comprou-nos com seu sangue). Depois foi exaltado em glória e nos convoca a servi-lo. Destarte, agora nós pertencemos a ele. Eis os fatos. É Natal. Não o Natal inventado pelo homem, mas o Natal de Deus. As mãos divinas tocaram em vidas humanas, por meio de Jesus Cristo.
Um feliz Natal aos eleitos e queridos do Altíssimo.
Rev. Misael. Publicado no Boletim 156, de 23/12/2012.