Imagine esta cena: na mesa da praça de alimentação de um shopping uma família almoça, e paira grande silêncio no ar. Respeito admirável durante a refeição? Não! O pai sussurra ao telefone. A mãe lê atenta e calada “A Cabana”. O filho brinca com o seu novo iphone. E a filha ouve músicas no seu ipod. Não há troca de palavras. Não há diálogo algum.
Esta é uma representação viva do hit “cada um no seu quadrado”, do individualismo exacerbado dentro da família. Essa é uma realidade que, imperceptivelmente, tem separado os membros da família sob um mesmo teto, e adoecido a saúde familiar de muitas famílias, até mesmo crentes.
Entre tantas atitudes que poderiam ser tomadas para reverter tal situação, o retorno do diálogo, outrora perdido por causa dessa mesma realidade, é a mais aconselhável. Pois o próprio Deus usa a comunicação para se relacionar. Deus se comunica conosco (Gn 1. 3), com o Filho e com o Espírito Santo (Gn 1. 26)! A comunicação é uma realidade intrínseca da nossa natureza, pois somos feitos à imagem e semelhança de Deus.
Até mesmo estudiosos seculares concordam com essa tese. Uma pesquisa da PUC-RS afirma que “bons níveis de saúde familiar se encontram associados a uma comunicação efetiva entre os membros da família”.
Em Filipenses 4.2, o apóstolo Paulo censura duas pessoas, Evódia e Síntique, para que “pensem concordemente”. Mesmo com posições divergentes, era necessário que elas se comunicassem em comum e em harmonia no Senhor! É necessário que haja uma comunicação sincera e constante entre nós, membros de uma família, deixando interesses egoístas de lado, mesmo em uma época tão individualista e, contraditoriamente, “incomunicável” no que diz respeito ao “olho no olho”!
A família crente caminha unida. Aprende com o erro do outro. Trabalha, mas ao mesmo tempo se diverte. Na família, a diversidade de gerações é respeitada, cada um tem seu valor e toda interação é pessoal.
Assim, nossas famílias serão fortalecidas e edificadas no Senhor, e transmitiremos àqueles que nos rodeiam exemplos de uma verdadeira família cristã.
E não apenas isso. Famílias fortalecidas geram igrejas fortes. A Igreja é a família da fé, a família de Deus (Gl 6.10; Ef 3.15). Teremos uma boa comunhão com a família da fé, quando soubermos viver bem dentro da nossa própria casa, à imagem de Deus.
Pastoral publicada no Boletim 97, de 06/11/2011. Rev. Renato.