Se existe alguma certeza na vida além da morte e dos impostos, é a de que ninguém gosta de esperar. Especialmente em nossa era acelerada, em que os benefícios da tecnologia contribuíram para elevar a ansiedade, a espera pode ser fonte de angústia profunda.
A angústia da espera foi sentida pelo povo de Deus. O ponto alto da vida de Israel, em termos de prosperidade econômica, unidade política, segurança e vida com Deus esteve no reinado de Salomão, colhendo o fruto plantado por Davi. A glória do templo funciona como um símbolo da glória do povo de Deus e da cidade santa. Mas logo após o reinado de Salomão, o reino foi dividido em dois: reino do norte, com a capital em Samaria, e reino do sul, com a capital em Jerusalém.
O reino do norte experimentou uma sequência de reis que desonraram ao Senhor e abraçaram costumes dos povos pagãos em volta. Como resultado, o reino foi invadido, dominado e destruído pela Assíria em 722 a.C.
O reino do sul foi preservado por Deus, com uma mistura de reis fiéis e infiéis ao Senhor. Mas em 586 a.C., foi invadido pelo império babilônico, e o povo de Deus foi levado ao exílio. Cumprido o tempo da disciplina, o Senhor decidiu levar o Seu povo novamente para Jerusalém, e fez isso levantando o imperador persa, Ciro, que derrubaria a Babilônia e permitiria o retorno dos hebreus a Jerusalém. A primeira caravana retornou da Babilônia por volta de 538 a.C.
Imagine a alegria dos judeus retornando a sua terra. Confiantes na promessa de restauração de Deus, aguardavam o restabelecimento de uma cidade gloriosa, um segundo templo cuja glória seria maior do que a do primeiro. Isso, porém, não se concretizou.
Já se passaram 100 anos; estamos entre 440-430 a.C. O segundo templo não se tornou mais glorioso do que o primeiro, a cidade não experimenta a prosperidade de outrora, ainda há ameaça de inimigos, e não se tem grandes perspectivas à frente.
O povo exibe os sinais do cansaço da espera. Há uma dinâmica mais profunda em jogo. A frustração inicial deu lugar ao cansaço, que fez o povo ter dúvidas quanto ao Senhor e Suas promessas. A dúvida abriu caminho para o cinismo e, finalmente, a iniquidade se tornou a norma.
Malaquias profetiza a um povo que resiste a Deus como resultado da frustração e desânimo originais. Deus poderia, simplesmente, abandonar o povo rebelde, mas faz diferente: Ele se aproxima e conversa com Seus filhos. Na conversa, aprendemos quem somos, quem temos sido e, mais importante ainda, quem Deus é. Todos experimentamos frustração e cansaço. Talvez devamos voltar à mensagem de Malaquias para guardar o coração do cinismo.
Pr. Allen