Na última semana, o STF deu um passo importante em atender às demandas de duas ações que buscam o reconhecimento da “homofobia” como crime. As ações são de 2012 e 2013, e a questão vem se desenrolando desde lá. Nesse estágio final, a maioria dos ministros já deu voto favorável nessa direção, então, embora o julgamento ainda tenha de ser concluído, já sabemos o resultado.
Mas o que isso significa?
Na prática, o STF está criando uma lei: a lei que criminaliza a “homofobia”. Como o STF não pode legislar, dá o seu jeitinho. Os atos “homofóbicos” serão tratados como equivalentes ao crime de racismo, e terão punição prevista naquela lei.
Como os cristãos devem lidar com isso?
Há problemas amplos quando o ativismo judicial entra em cena. Já vimos isso quanto ao casamento de pessoas do mesmo sexo, no caso do aborto e agora com a “homofobia”. Ainda assim, podemos ser mais específicos em nossa avaliação e resposta a esse novo tratamento.
- Somos chamados, pela Escritura, a demonstrar graça. Cremos que Deus fez cada homem com valor intrínseco, por ser imagem e semelhança do Criador. Cremos que a graça que recebemos deve ser oferecida a outras pessoas. Por isso, fundamentados no que temos recebido de Deus, devemos ser os primeiros a rejeitar os maus tratos e o preconceito contra qualquer indivíduo, independentemente de raça, cor, religião e sexualidade. Reconhecemos que há pecado e ofensas contra diversas minorias, e somos chamados a denunciar tais posturas como ofensas ao próprio Deus.
- Rejeitamos a camisa de força semântica chamada “homofobia”. O termo vem carregado de um imaginário que distorce a realidade. “Homofobia” implica uma narrativa segundo a qual os LGBTI são sempre vítimas e seus críticos são sempre opressores; uma visão de mundo segundo a qual a crítica à homossexualidade é, em si, um ato de preconceito e violência. Rejeitamos tal noção. Por causa disso, creio ser prudente rejeitarmos tal terminologia. O seu uso nos torna reféns dessa visão de mundo, mesmo quando desejamos refutá-la. Não é raro ver cristãos que, quando querem criticar a homossexualidade, começam se justificando: “não sou homofóbico, mas…”. Isso significa que já estão trabalhando dentro das categorias mentais e afetivas estabelecidas por tal narrativa.
(continua…)
Rev. Allen