Na última semana, começamos a pensar sobre a decisão do STF que equipara a “homofobia” ao crime de racismo. Vimos que isso certamente traz implicações sociais mais amplas, e, muito provavelmente, trará desafios especiais aos cristãos. Por isso, começamos a esboçar alguns princípios que podem nos ajudar diante desse quadro cultural.
Inicialmente, vimos que a verdade bíblica sobre o homem nos faz agir para com cada indivíduo demonstrando respeito e reconhecendo o seu valor intrínseco. Agir com preconceito e desprezo é uma ofensa ao próprio Deus.
Também vimos que o termo “homofobia” é prejudicial para o debate público, pois nos encerra em uma narrativa que não condiz com a realidade, e assim cria armadilhas para quem deseja discutir o modo de lidar com LGBTI.
E assim podemos continuar:
- Rejeitamos a pressão secularista e dualista que a agenda LGBTI nos impõe. Agilizados pelo julgamento do STF, os senadores que trabalham na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovaram, no dia 23 de maio, um projeto de lei que criminaliza a homofobia. Isso significa que a pressão do STF terá cumprido o seu efeito, e logo teremos uma lei estabelecida nessa direção. Curiosamente, o projeto tenta salvaguardar a liberdade religiosa protegendo os templos. Então o argumento se apresenta da seguinte maneira: dentro do templo, você é livre para afirmar os princípios da sua religião; fora do templo, falar contra a homossexualidade é crime de “homofobia”.
O problema dessa percepção é que ela nos impõe um tipo de fragmentação interna que é tanto impossível quanto perigosa. Se somos cristãos bíblicos, a nossa fé e relacionamento com Deus está no centro de nossa identidade. Ela não pode ser guardada em uma caixa que só será acionada quando estivermos “dentro do templo”. O evangelho nos apresenta um Deus soberano sobre todas as esferas da vida, que nos convida a fazer tudo para a Sua glória (1Co 10.31). Dentro do templo e na fila do pão, na reunião de oração e na reunião do condomínio, na escola dominical e no trabalho da segunda somos inteiramente do Senhor, e carregaremos conosco a nossa fé e visão de mundo.
Esse é o credo secularista: você tem liberdade para crer, desde que a sua fé fique trancafiada no templo religioso ou na sua vida privada. Ironicamente, o secularista não guarda a sua fé na vida privada, ele deseja que ela afete todas as áreas da vida e controle o espaço público.
(continua…)
Rev. Allen