A tragédia que estamos acompanhando em Petrópolis, RJ, reacende o debate filosófico-teológico do porque do sofrimento. A existência do mal leva muitos a formularem a seguinte hipótese: “Se há um Deus que é poderoso e amoroso e que poderia parar com todo o sofrimento existente, mas não o faz, então, ou esse Deus não tem poder, ou ele não se importa com a dor”, e concluem eles: “Esse Deus não existe para mim!”
Todavia, esse argumento é simplista demais. Primeiro, será que o sofrimento existente não poderia ser muito pior? A cidade inteira poderia ter sido destruída se não fosse a graça comum de Deus (Mt 5.45). Depois, se Deus é onisciente, e nós não, não seria presunçoso e leviano de nossa parte sentenciarmos Deus pelo seu modo de conduzir a história e lidar com o sofrimento simplesmente dizendo que ele não se importa? Ainda, quando alguém questiona o amor de Deus diante do sofrimento está implícita a ideia de que ele não deveria sofrer, mas por quê? Você tem boas razões para dizer para Deus que você deveria ter vida sem sofrimento? Deus deu leis para serem obedecidas, mas você as obedece? Você cumpre os Dez Mandamentos? Segue a regra de ouro da ética — faz aos outros o que gostaria de receber deles? (Mt 7.12). Você ama a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a você mesmo? (Mt 22.37-39). Se você não consegue cumprir isso (e não consegue, acredite), por que você se acha digno de ter vida sem sofrimento?
O o sofrimento tem um propósito: formar no cristão o caráter de Jesus Cristo (Rm 8.28). Foi assim com Paulo (2Co 12.7- 10), porque foi assim com o próprio Jesus, aprendeu obediência pelas coisas que sofreu (Hb 5.8). Será assim também com você irmão, porque foi na dor que o poder e o amor de Deus foram demonstrados por você pecador: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Atente para isso!
Rogério Cruz