Eventos podem ser interpretados de maneiras distintas. Por exemplo, uma mesma partida de futebol pode ser tida como trágica para uns e gloriosa para outros. Algo semelhante ocorre com a celebração do Natal.
Apesar de não sabermos o dia exato do nascimento de Jesus (a Bíblia não fornece essa informação), no séc. 4, a igreja definiu 25 de dezembro como data do festejo natalino, movida tanto por uma constatação bíblica quanto por fervor missionário.
Do ponto de vista bíblico, verificou-se que a Escritura contém alusões ao Natal, especialmente nos Evangelhos de Mateus, Lucas e João. Se o Espírito Santo moveu os evangelistas a escrever sobre isso, a igreja deveria separar uma época, a cada ano, para ler e meditar sobre tais textos, agradecendo a Deus pela encarnação de Jesus Cristo.
Pelo ângulo missionário, a igreja afirmou o triunfo de Cristo na cultura. Naquela época, de 17 a 25 de dezembro, os romanos celebravam a Saturnália. Um sacrifício a Saturno era oferecido em um templo seguido de “banquete público” e “troca de presentes” (Wikipédia). A ocasião coincidia com o solstício de Inverno e significava o Natalis Solis Invicti, o Nascimento do Sol Invencível.1 Os cristãos afirmaram que Jesus Cristo é o único e verdadeiro “Sol da Justiça”, que uma refeição festiva pode ser desfrutada pela família reunida em torno de Cristo e que presentes podem ser trocados aludindo a Jesus, presente de Deus para salvação dos que nele creem (Jo 3.16).
É por isso que, ainda que alguns considerem o Natal como um ajuste mundano da igreja sob Constantino e uma rendição ao paganismo, nós cultuamos a Deus no Natal, certos de que o culto a Jesus Cristo prevaleceu sobre a crença em Saturno. O Império Romano foi convocado pelo evangelho a deixar para trás os ídolos e reconhecer Jesus Cristo como Redentor único e suficiente dos filhos de Deus.
Pr. Misael.
1 OBVIOUS. Saturnália: a origem do Natal. Disponível em: <http://obviousmag.org/archives/2007/12/saturnalia.html>. Acesso em: 13/12/2019.