Uma família de discípulos de Jesus
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A derrota do último gigante [Dt 3.1-11]

A derrota do último gigante: exposição de Deuteronômio 3.1-11

1 Depois, nos viramos e subimos o caminho de Basã; e Ogue, rei de Basã, nos saiu ao encontro, ele e todo o seu povo, à peleja em Edrei. 2 Então, o Senhor me disse: Não temas, porque a ele, e todo o seu povo, e sua terra dei na tua mão; e far-lhe-ás como fizeste a Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom. 3 Deu-nos o Senhor, nosso Deus, em nossas mãos também a Ogue, rei de Basã, e a todo o seu povo; e ferimo-lo, até que lhe não ficou nenhum sobrevivente. 4 Nesse tempo, tomamos todas as suas cidades; nenhuma cidade houve que lhe não tomássemos: sessenta cidades, toda a região de Argobe, o reino de Ogue, em Basã. 5 Todas estas cidades eram fortificadas com altos muros, portas e ferrolhos; tomamos também outras muitas cidades, que eram sem muros. 6 Destruímo-las totalmente, como fizemos a Seom, rei de Hesbom, fazendo perecer, por completo, cada uma das cidades com os seus homens, suas mulheres e crianças. 7 Porém todo o gado e o despojo das cidades tomamos para nós, por presa. 8 Assim, nesse tempo, tomamos a terra da mão daqueles dois reis dos amorreus que estavam dalém do Jordão: desde o rio de Arnom até ao monte Hermom 9 (Os sidônios a Hermom chamam Siriom; porém os amorreus lhe chamam Senir.), 10 tomamos todas as cidades do planalto, e todo o Gileade, e todo o Basã, até Salca e Edrei, cidades do reino de Ogue, em Basã 11 (Porque só Ogue, rei de Basã, restou dos refains; eis que o seu leito, leito de ferro, não está, porventura, em Rabá dos filhos de Amom, sendo de nove côvados o seu comprimento, e de quatro, a sua largura, pelo côvado comum?). Deuteronômio 3.1-11.

Sermão do Pastor Misael Batista do Nascimento. Pregado na Igreja Presbiteriana de São José do Rio Preto, no culto da noite, em 23/11/2025.

Introdução

Nós estamos aprendendo sobre este sermão pregado por Moisés nas planícies de Moabe. Moisés está diante da nova geração de israelitas dizendo a eles coisas que precisavam saber ou das quais precisavam se lembrar, antes de entrar na Terra Prometida.

Ele conta o que Deus fez recentemente, ajudando Israel a vencer inimigos poderosos.

Na mensagem anterior vimos como foi o triunfo sobre Seom, rei de Hesbom (Dt 2.26-37).

Na mensagem de hoje, veremos como Deus conduziu seu povo a prevalecer sobre Ogue, rei de Basã.

O nome incomum deste rei, ʿôḡ, quer dizer “de pescoço longo”[1] e combina com sua descrição, no próprio texto, como o que “restou dos refains” (v. 11), ou seja, Ogue era o último gigante amorreu daquela região.

Nesta passagem descobrimos, em primeiro lugar, que [1] o último gigante de Basã tenta parar Israel (v. 1-2), ressaltando que Ogue é o último gigante da região de Basã, mas não da Bíblia, pois Golias, identificado como “filisteu” (1Sm 17,21) descendia destes refains amorreus.[2]

Apesar desta tentativa de Ogue, de parar Israel, em segundo lugar, [2] Deus conduz Israel à vitória (v. 3-7) e finalmente, [3] prepara Israel para novas conquistas (v. 8-11).

E é assim que tudo começa. Em Deuteronômio 3.1-2…

I. O último gigante de Basã tenta parar Israel

Como lemos no início do v. 1, “Depois, nos viramos e subimos o caminho de Basã”.

A Bíblia herança reformada (BEHR) nos ajuda a entender que “Basã era uma região a sudeste do mar da Galileia, ao norte do ponto onde Israel cruzaria o Jordão para entrar em Canaã”.[3] O profeta Amós critica as mulheres opulentas e levianas de Samaria chamando-as de “vacas de Basã” (Am 4.1), porque a terra de Basã era “conhecida por sua fertilidade e seu gado premiado”.[4]

O texto enfatiza a ferocidade de Ogue: “nos saiu ao encontro, ele e todo o seu povo, à peleja em Edrei” (nome da cidade natal de Ogue, conforme a BEHR).[5]

O que seria de Israel, combatido por um exército poderoso liderado por um rei refaim — um principado gigante?

É possível cogitar sobre o peso disso no imaginário de Israel. O pânico que isso poderia causar, especialmente conectando esta informação com Deuteronômio 1.28 e Números 13.28. A estatura dos inimigos metia medo.

O último gigante de Basã tenta deter o avanço de Israel, porém, Deus é todo-poderoso e maravilhoso, pois antes do pavor assumir controle sobre as mentes dos israelitas, Deus os conforta com sua Palavra, como segue:

2 Então, o Senhor me disse: Não temas, porque a ele, e todo o seu povo, e sua terra dei na tua mão; e far-lhe-ás como fizeste a Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom.

Esta Palavra contém motivação: “Não temas” (retomando o que foi dito à geração antiga, em Dt 1.29-30:

29 Então, eu vos disse: não vos espanteis, nem os temais. 30 O Senhor, vosso Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, segundo tudo o que fez conosco, diante de vossos olhos, no Egito.

Esta Palavra contém promessa: “porque a ele, e todo o seu povo, e sua terra dei na tua mão”. Isso confirma a fidelidade divina à aliança estabelecida 400 anos com Abraão (cf. Dt. 1.8).

Deus está assegurando a Israel o desfrute de uma dádiva pactual, e isso é reforçado pelo uso duplo do verbo “dar” (ntn; “conceder”; “garantir”) nos v. 2,3.

Desdobrando isso, não é demais afirmar que esta promessa informa muito sobre graça de Deus dispensada a Israel.

Esta Palavra contém comando:, uma vez que a palavra “porque a ele, e todo o seu povo, e sua terra dei na tua mão”, implica dever de Israel de crer e obedecer.

Basta conferir que a ideia de “tomar” aparece duas na Bíblia hebraica, (lkd; “capturar”; “controlar”) no v. 4 (daí “conquistamos, na NVI) e lāqa; “agarrar”; “pegar”; “remover sem destruir”, no v. 8.[6]

A nova geração de israelitas tem de responder à Palavra do Senhor com fé obediente. Esta resposta (crer e obedecer) resultará em vitória sobre o opositor gigantesco.

Por fim, esta Palavra contém sentença: “e far-lhe-ás como fizeste a Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom”.

Esta ideia, de execução de uma punição divina será detalhada no próximo ponto.

Por ora basta entender que aqui, em Deuteronômio 3.1-2, o último gigante de Basã tentando parar Israel.

Apesar disso, como vemos adiante, em segundo lugar…

II. Deus conduz Israel à vitória

É sobre isso que lemos nos v. 3-7, mas antes de prosseguir é necessário informar que, no sermão anterior, nós explicamos que a Guerra Santa é levada adiante porque os amorreus estão debaixo do juízo divino. Deus prometeu, em Gênesis 15.16, que os descendentes de Abraão tomariam Canaã quando “a medida de iniquidade” dos amorreus fosse completada.

Nós argumentamos — no sermão anterior — que os amorreu foram colocados sob o ḥērem, ou seja, separados por Deus para proscrição ou aniquilação.[7] Dempster entende a proscrição como “um ritual importante na Guerra Santa no mundo antigo. O inimigo contaminado tinha que ser removido do mundo humano e transferido para o mundo divino.”[8]

Todo povo, cultura, nação ou império é dissolvido quando chega a seu ponto mais alto de iniquidade ou maldade.

A própria nação de Israel foi retirada por um tempo da Terra Prometida e submetida a expurgo pelos assírios e exílio na Babilônia, por conta de sua corrupção.

O livro de Levítico utiliza uma linguagem forte para descrever isso (Lv 18.24-29):

24 Com nenhuma destas coisas vos contaminareis, porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que eu lanço de diante de vós. 25 E a terra se contaminou; e eu visitei nela a sua iniquidade, e ela vomitou os seus moradores. 26 Porém vós guardareis os meus estatutos e os meus juízos, e nenhuma destas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós; 27 porque todas estas abominações fizeram os homens desta terra que nela estavam antes de vós; e a terra se contaminou. 28 Não suceda que a terra vos vomite, havendo-a vós contaminado, como vomitou o povo que nela estava antes de vós. 29 Todo que fizer alguma destas abominações, sim, aqueles que as cometerem serão eliminados do seu povo.

Neste ponto de Deuteronômio, os amorreus são objeto do juízo de Deus e Israel é o agente da execução deste juízo.

É nesse sentido que o rei Ogue, seu povo e seu reino são “dados” a Israel.

3 Deu-nos o Senhor, nosso Deus, em nossas mãos também a Ogue, rei de Basã, e a todo o seu povo; e ferimo-lo, até que lhe não ficou nenhum sobrevivente.

No v. 4, consta que:

Nesse tempo, tomamos todas as suas cidades; nenhuma cidade houve que lhe não tomássemos: sessenta cidades, toda a região de Argobe, o reino de Ogue, em Basã.

A BEHR descreve Argobe como “uma região dentro de Basã (1Rs 4.13)”, provavelmente como “uma confederação de cidades”.[9]

O v. 5 sublinha que a estrutura de defesa das cidades maiores de Basã era forte, tornando-as virtualmente indestrutíveis. Além destas foram tomadas cidades rurais, destituídas de muros:

5 Todas estas cidades eram fortificadas com altos muros, portas e ferrolhos; tomamos também outras muitas cidades, que eram sem muros.

A execução da sentença de ḥērem é registrada em nota solene nos v. 6-7:

6 Destruímo-las totalmente [nǎ·ḥǎrēmʹ; “e nós os dedicamos à destruição”, na ESV], como fizemos a Seom, rei de Hesbom, fazendo perecer, por completo, cada uma das cidades com os seus homens, suas mulheres e crianças. 7 Porém todo o gado e o despojo das cidades tomamos para nós, por presa.

A ferocidade do rei gigante não foi suficiente para deter o Deus de Israel. As superestruturas e trancas nas portas das grandes cidades não fez frente a Deus todo-poderoso. Nenhuma potência ou obstáculo deu conta de bloquear o avanço do povo de Deus lutando sob a bênção do Senhor.

O que Moisés está ensinando aqui?

Que Deus é santo e todo-poderoso. Que Deus cumpre sua Palavra que contém promessas e sentenças. Que Deus leva adiante seu propósito soberano. E que o propósito de Deus vence. Quando Deus determina que seu povo vencerá é isso que inevitavelmente acontecerá.

Chegou o momento de abater o inimigo gigante. Deus conduz Israel à vitória.

Em terceiro lugar, o relato encerra destacando que…

III. Deus prepara Israel para novas conquistas

Esta parece ser a tônica dos v. 8-11, uma vez que a partir daqui Moisés resume o que foi dito antes sobre a Guerra Santa iniciada.

8 Assim, nesse tempo, tomamos a terra da mão daqueles dois reis dos amorreus que estavam dalém do Jordão: desde o rio de Arnom até ao monte Hermom.

De acordo com Merrill, isso compreende “uma extensão de cerca de 225 quilômetros”.[10]

E o v. 10 complementa: “tomamos todas as cidades do planalto, e todo o Gileade, e todo o Basã, até Salca e Edrei, cidades do reino de Ogue, em Basã”.

A menção destas cidades, situadas a norte e leste e no interior,[11] reforçam nos primeiros ouvintes e em nós, atuais leitores, a compreensão de que a terra conquistada era larga e extensa.[12]

E o relato termina informando, no v. 11:

(Porque só Ogue, rei de Basã, restou dos refains; eis que o seu leito, leito de ferro, não está, porventura, em Rabá dos filhos de Amom, sendo de nove côvados o seu comprimento, e de quatro, a sua largura, pelo côvado comum?).

Ogue foi o último dos refains de Basã.

Seu tamanho enorme pode ser inferido a partir das dimensões de seu “leito […] de nove côvados o seu comprimento, e de quatro, a sua largura, pelo côvado comum”.

Na ARA e ARC lemos a palavra “leito”; na NAA e na NVI, o termo é “cama”. O vocábulo da Bíblia hebraica (ʿěʹ·rěś) pode ser entendido como “cama”, “sofá” ou “divã”, mas estudiosos contemporâneos sugerem a tradução “como ‘sarcófago’, de modo que a referência seria especificamente ao finado Ogue”.[13] Merrill cita Mayes, que entende ʿěʹ·rěś como “um sarcófago feito de basalto, uma pedra vulcânica que se assemelha ao ferro em cor e textura. Ela seria uma ‘cama’ no sentido de um local de descanso final”.[14]

A medida aproximada do referido leito ou sarcófago/caixão de Ogue é de 4,5 metros por 1,10 metro, conforme Craigie,[15] e “quase quatro metros de comprimento e um metro e oitenta de largura”, conforme Merrill.[16] Esta última medida aparece na NVI e na NAA.[17]

O leito ou sarcófago de Ogue podia ser visto “em Rabá dos filhos de Amom”, abrindo espaço para cogitar que este v. 11 foi acrescentado por um comentarista posterior.[18] Merril, por exemplo, cogita que:

Geralmente se reconhece que essa declaração pressupõe uma glosa pós-mosaica, talvez tão recente quanto a época de Davi, quando Rabá era a capital de Amom e o local em que antiguidades como o caixão de Ogue provavelmente seriam juntados.[19]

Trocando em miúdos, Moisés resume as duas conquistas impressionantes e memoráveis.

O v. 10 assinala que ambos os reinos, fortíssimos, virtualmente imbatíveis, foram quebrados pelo poder de Deus e pelo povo de Deus.

O v. 11 enfatiza a enormidade de Ogue, último rei refaim de Basã. “O fato de que a cama acabou num museu em Amom mostra apropriadamente, no entanto, que Ogue e sua grandeza eram coisas do passado”.[20]

A Guerra Santa não terminou. Há mais batalhas à frente. Moisés insiste em repetir estes relatos a fim de preparar Israel para novas conquistas.

A partir daqui podemos começar a concluir…

Conclusão

Recapitulando, em Deuteronômio 3.1-11, [1] o último gigante de Basã tenta parar Israel, mas [2] Deus conduz seu povo à vitória e o [3] prepara para novas conquistas.

[1] Começou a Guerra Santa que, como temos explicado, nada tem a ver com iniciativa humana de imperialismo e sim, com uma agenda de Deus para Canaã. Deus está cumprindo um pacto de graça e salvação (para Israel e por meio de Israel) e executando uma sentença (contra alguns povos cananeus).

[2] Deus está implementando a história da salvação, explicada por Marshall como “uma série de acontecimentos históricos interpretados pela fé cristã como atos específicos de Deus para salvar seu povo”.[21] A história da salvação demanda um fio condutor da Bíblia, “desde a criação ‘no princípio’, até a nova criação, dos novos céus e da nova terra”.[22] O pressuposto desta proposta de interpretação da Escritura é que:

O evangelho sempre foi o plano de Deus anterior a tudo, incluindo a criação, pois, de que outra maneira Deus poderia nos ter escolhido antes da fundação do mundo (Ef 1.4)? […] o evangelho é o plano de Deus anterior a todo processo histórico no Antigo Testamento.[23]

Nesses termos, Deuteronômio 3.1-11 pode e deve ser lido à luz da história da salvação. Um estudioso sugere que, em Deuteronômio, Deus está tecendo dois fios de um cordão dourado, [1] confirmando um pacto e [2] estabelecendo um reino.[24]

Sendo assim, devemos ver nestas conquistas o cuidado de Deus em instalar e preservar seu povo a fim de cumprir a bênção a Abraão e por meio dele, quer dizer, por meio de Israel, a bênção divina alcançaria “todas as famílias da terra” (Gn 12.1-3).

Israel não pode ser contaminado pela idolatria e iniquidade de determinadas nações. Israel tem de ser preservado fiel à aliança, pois o que o Senhor dá e mantém “soberana e graciosamente” se torna realidade bendita “para Israel por meio da fé e da obediência”.[25]

Deus está estabelecendo uma nação depositária de sua revelação especial, que informa sobre a salvação.

É no seio de Israel que nascerá Jesus Cristo, o abençoador das nações, ou seja, a palavra de Deus em Gênesis 3.15 será cumprida (cf. Is 9.6-7; Lc 1.46-55,67-75; 2.28-38; Ap 12.1-6).

Um estudioso chama esta abordagem de “histórico-redentora”[26] e argumenta que:

[…] a Bíblia não foi originalmente fornecida para transmitir história nem princípios morais, mas para registrar a fidelidade de Deus para com as nações, os patriarcas e a igreja de Jesus Cristo.[27]

Em outras palavras, estamos aprendendo que Deus é o Senhor da criação. Deus é o Senhor da história. Deus é o Senhor da vida. Deus é o Senhor da salvação.

[3] A fé em Deus, por meio de Jesus, na dependência do Espírito Santo, resulta em vitória sobre o opositor gigantesco.

Jesus Cristo é rei plenipotente sobre tudo e todos. O Senhor Jesus Cristo é “Justiça Nossa” (Jr 23.6). Olhando para Jesus, o “Verbo eterno”, nós prosseguimos mesmo “em tempestade […] sem vacilar”, como cantamos no hino 177.

Firme nas promessas, hei de trabalhar Tendo o Verbo eterno sempre a me amparar! Mesmo em tempestade vou sem vacilar, Firme nas promessas de Jesus!

[28]

[4] Isso nos conduz à aplicação final, bastante óbvia, anunciada por pregadores de autoajuda mas que, no fim das contas, é muito bíblica e, mesmo assim, às vezes a desconsideramos para nosso próprio prejuízo, qual seja, Deus é poderoso para nos ajudar a lutar contra grandes oponentes.

Nesses termos, como lemos na BEHR:

Deus queria que seu povo se lembrasse da magnitude de seu poder para salvar. Os israelitas lutaram contra gigantes e prevaleceram. Embora as circunstâncias possam parecer insuportáveis, não o serão quando enfrentadas com a ajuda de Deus (Ef 6.12-17).[29]

A expressão-chave aqui é “com a ajuda de Deus”. Nós não damos conta da vida sozinhos. Nós carecemos de Deus conosco, lutando por nós. Como afirma um irmão nosso:

Deus não vai deixar Israel conquistar Canaã sem ajuda. Assim como por sua graça ele afastou os reis hostis, Seom e Ogue de seu caminho (2.24—3.7), vai assegurar que seu avanço continue.[30]

Firmados em Deus nós conseguiremos. Iremos adiante e venceremos. Deuteronômio 31.1-11 nos convida à esperança em Deus que é nossa força. Vamos orar sobre isso.


Notas

[1] STRONG, James. Léxico hebraico, aramaico e grego de Strong. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002, #05747. Logos software.

[2] Heiser explica que “os relatos da conquista nos informam sobre vestígios dos anaquins que escaparam dos israelitas e se estabeleceram em Gaza, Gate, e Asdode, cidades mais tarde associadas à ocupação filisteia (Js 11.22). O famoso gigante filisteu, Golias, era de Gate (1Sm 17.4,23). 2Samuel 21.20–22 observa que havia outros gigantes de Gate. Os gigantes filisteus de Gate são descritos em 1Crônicas 20.6,8 como descendentes “dos gigantes (hrp ‘)” […]. Essas interconexões provavelmente contribuíram para a nomeação “do vale dos Refains” (Js 15.8; 18.16). Este vale foi o local de vários embates entre os filisteus e israelitas (2Sm 5.18; 23.13; 1Cr 11.15).A representação dos refains como gigantes e, em última análise, descendentes lineares dos nefilins, descendência dos filhos divinos de Deus (Gn 6.1–4) através dos anaquins (Nm 13.32–33), é exclusivo ao material bíblico. Embora os rep̄ā·ʾîm em Ugarit fossem considerados guerreiros e reis-guerreiros, não há sugestão de que fossem considerados de estatura incomum. Uma série de explicações para esta caracterização dos refains foram oferecidas. A altura incomum era considerada um sinal de ascendência ou intervenção divina. Portanto, não seria uma surpresa se os escritores bíblicos considerassem a presença de tais indivíduos entre os habitantes inimigos de Canaã como uma ameaça de natureza sobrenatural”; cf. HEISER, M. S. “Refaim”. In: BARRY, John D. (Org.). Dicionário bíblico Lexham. Bellingham, WA: Lexham Press, 2020. Logos software.

[3] BÍBLIA DE ESTUDO HERANÇA REFORMADA (BEHR). 2ª ed. Barueri; São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil; Cultura Cristã, 2024, p. 247.

[4] DEMPSTER, Stephen G. “Deuteronômio”. In: CARSON, D. A. (Org.). Bíblia de estudo Thomas Nelson. [BETN]. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2021, p. 326.

[5] BEHR, p. 302. Craigie, mais comedido, descreve Edrei como “uma cidade localizada próximo de um tributário do rio Yarmuk e, provavelmente, uma das residências de Ogue”; cf. CRAIGIE, P. C. Deuteronômio. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 116 (Comentários do Antigo Testamento). Dempster informa que Edrei corresponde à “moderna Dera”; cf. DEMPSTER, Stephen G. “Deuteronômio”. In: CARSON, D. A. (Org.). Bíblia de estudo Thomas Nelson. [BETN]. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2021, p. 326.

[6] Sobre lāqaḥ; cf. MERRIL, op. cit., p. 100. Na ARA e NAA, “tomamos” aparece novamente no v. 10 (“conquistamos” na NVI), mas isso não consta no texto hebraico.

[7] MERRILL, Eugene H. Deuteronômio. São Paulo: Vida Nova, 2025, p. 95-96 (Comentário exegético).

[8] DEMPSTER, op. cit., p. 326.

[9] BEHR, p. 248.

[10] MERRILL, op. cit., p. 100.

[11] Ibid., loc. cit.

[12] Cf. CRAIGIE, op. cit., p. 118: “As declarações sumariadas indicam a extensão total da conquista do leste do Jordão, que foi de Arnom, ao sul (a fronteira do reino de Seom) até o Monte Hermom, ao norte. A totalidade do território abrangia as terras dos dois reis dos amorreus que estavam na Transjordânia (veja o comentário sobre Dt 1.1). O Monte Hermom era uma parte da cordilheira do antilíbano e seu ponto mais alto alcançava uma altura de três mil metros. Como uma barreira física natural, o monte formava o limite norte do reino de Basã.”

[13] Ibid., loc. cit.

[14] MERRILL, op. cit., p. 100, apud MAYES, A. D. H. Deuteronomy. Grand Rapids: Eerdmans, 1979, p. 144 (NCBC).

[15] CRAIGIE, op. cit., loc. cit.

[16] MERRIL, op. cit., loc. cit.

[17] As divergências decorrem da possibilidade de definir, de modos distintos, o tamanho exato do “côvado comum (lit., ‘cúbito de homem’” (GRAIGIE, op. cit., loc. cit.). O mesmo autor (ibid. loc. cit.) propõe que esta “parece ter sido originalmente a distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio,10 mais ou menos 33 centímetros“. Para se ter uma ideia, uma cama tamanho king contemporânea mede 1,93 metro de largura por 2,03 metros de comprimento.

[18] MERRILL, op. cit., loc. cit., BETN, p. 326. Para Waltke e Yu, os v. 9,11 podem ser compreendidos como inserções editoriais; cf. WALTKE, Bruce; YU, Charles. Teologia do Antigo Testamento: uma abordagem exegética, canônica e temática. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 119.

[19] Ibid., loc. cit.

[20] MCCONVILLE, Gordon. “Deuteronômio”. In: CARSON, D. A.; FRANCE, R. T.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. F. (Org.). Comentário bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009, p. 314.

[21] MARSHALL, I. H. “História da salvação”. In: FERGUSON, Sinclair B. (Org.). Novo dicionário de teologia. São Paulo: Hagnos, 2011. Logos software.

[22] GOLDSWORTHY, Graeme. Pregando a Bíblia como a escritura cristã: a aplicação da teologia bíblica à pregação expositiva. São José dos Campos: Editora Fiel, 2013, p. 68.

[23] GOLDSWORTHY, op. cit., p. 227.

[24] VAN GRONINGEN, Gerard. Criação e consumação. 2ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2017, p. 453.

[25] VAN GRONINGEN, op. cit., p. 450.

[26] VANGEMEREN, Willem. O progresso da redenção: a história da salvação da criação à nova Jerusalém. São Paulo: Shedd Publicações, 2019, p. 29.

[27] VANGEMEREN, op. cit., loc. cit.

[28] CARTER, R. K. “Hino 177 Firme nas promessas”. In: MARRA, Cláudio. (Org.). Novo cântico. 16ª ed. Reimp. 2017. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 137.

[29] BEHR, p. 248-249.

[30] MILLAR, J. G. “Deuteronômio”. In: ALEXANDER, T. Desmond; ROSNER, Brian. S. (Org.). Novo dicionário de teologia bíblica. São Paulo: Editora Vida, 2009, p. 230.