26 Porém vós não quisestes subir, mas fostes rebeldes à ordem do Senhor, vosso Deus. 27 Murmurastes nas vossas tendas e dissestes: Tem o Senhor contra nós ódio; por isso, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus e destruir-nos. 28 Para onde subiremos? Nossos irmãos fizeram com que se derretesse o nosso coração, dizendo: Maior e mais alto do que nós é este povo; as cidades são grandes e fortificadas até aos céus. Também vimos ali os filhos dos anaquins.
29 Então, eu vos disse: não vos espanteis, nem os temais. 30 O Senhor, vosso Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, segundo tudo o que fez conosco, diante de vossos olhos, no Egito, 31 como também no deserto, onde vistes que o Senhor, vosso Deus, nele vos levou, como um homem leva a seu filho, por todo o caminho pelo qual andastes, até chegardes a este lugar.
32 Mas nem por isso crestes no Senhor, vosso Deus, 33 que foi adiante de vós por todo o caminho, para vos procurar o lugar onde deveríeis acampar; de noite, no fogo, para vos mostrar o caminho por onde havíeis de andar, e, de dia, na nuvem. Deuteronômio 1.26-33.
Sermão do Pastor Misael Batista do Nascimento. Pregado na Igreja Presbiteriana de São José do Rio Preto, no culto da manhã, em 28/09/2025.
Introdução
Na última vez em que abrimos o livro de Deuteronômio, encontramos Moisés pregando para a nova geração de israelitas, acampada próxima do rio Jordão, prestes a entrar na Terra Prometida. Moisés chamou a atenção para o passado: “Olhem para trás; pensem nos pais de vocês. Cerca de 40 anos antes de vocês, eles também estavam acampados diante de uma fronteira de Canaã, em Cades-Barneia. Eles chegaram a Canaã guiados por Deus. Ali eles foram orientados e animados com a Palavra de Deus. E receberam relatórios animadores dos espias enviados para reconhecer a terra. Eles tinham tudo para vencer. A Terra Prometida poderia ser deles naquela ocasião. Mas não venceram. Na verdade, eles nem sequer tentaram. Eu vou explicar porquê.”
Então Moisés começa a explicar, para a nova geração, a razão do fracasso da antiga. Nós começaremos a analisar a explicação de Moisés hoje e, se Deus permitir, concluiremos no próximo domingo.
O estudioso Gordon McConville acerta precisamente quando intitula esta seção de “o medo do povo” e argumenta que “esse medo tinha raízes na sua falta de fé”.[1] Mas a falta de fé aqui precisa ser bem entendida, pois não é que os israelitas não acreditassem na existência de Deus.
O problema é que eles não acreditavam que Deus o amava. E a descrença permaneceu, apesar dos apelos de Moisés para que cressem que Deus os amava, lutava por eles e cuidava deles (esquema 1).
Descrença no amor de Deus (v. 26-28)
Apelo à fé em Deus que nos ama (v. 29-31)
Descrença no amor de Deus (v. 32)
Apelo à fé em Deus que nos ama (v. 33)
Esquema 1: Moisés convoca à fé, mas o povo se recusa a crer no amor de Deus.
É exatamente deste modo que abordaremos o texto, primeiro analisando a insistência de Israel em não acreditar no amor de Deus (v. 26-28,32). Em seguida, prestando atenção no apelo de Moisés para que cressem (v. 29-31,33).
Vejamos, em primeiro lugar, que…
I. Israel não acreditou no amor de Deus
Como lemos nos v. 26-28,32:
26 Porém vós não quisestes subir, mas fostes rebeldes à ordem do Senhor, vosso Deus. 27 Murmurastes nas vossas tendas e dissestes: Tem o Senhor contra nós ódio; por isso, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus e destruir-nos. 28 Para onde subiremos? Nossos irmãos fizeram com que se derretesse o nosso coração, dizendo: Maior e mais alto do que nós é este povo; as cidades são grandes e fortificadas até aos céus. Também vimos ali os filhos dos anaquins.
[…] 32 Mas nem por isso crestes no Senhor, vosso Deus.
No v. 25 lemos o relatório de alguns exploradores que retornaram de Canaã dizendo: “É terra boa que nos dá o Senhor, nosso Deus”. Agora, no início do v. 26, verificamos que, mesmo com esta notícia excelente (precedida da ordem animadora de Deus, nos v. 20-21) o povo insistiu em não subir.
Moisés documenta a teimosia do povo com três expressões fortes: [1] “vós não quisestes” (v. 26 — vontade obstinada, que teima); [2] “fostes rebeldes” (v. 26 — vontade que se revolta) e “murmurastes” (v. 27 — vontade que concebe mau juízo ou maldiz cochichando, daí, “nas vossas tendas”).
O grande problema — a fonte de todo este ranço, teimosia e murmuração — aparece no final do v. 27: “Tem o Senhor contra nós ódio; por isso, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus e destruir-nos”. Aqui Moisés usa um substantivo, śin·ʾā(h), que comunica a ideia de antagonismo, “inimizade”; daí a ARC: “o Senhor nos aborrece”.
A acusação é tão pesada que eles não têm coragem de publicá-la (por isso cochicham, murmuram isso dentro de suas tendas). “Deus nos odeia. Pior: Deus ‘armou para nós’; nos tirou do Egito apenas para nos matar”. Será que nós entendemos a seriedade da acusação? “Deus não nos ama. Deus não é fiel. Deus não deseja o nosso bem e sim a nossa destruição”. Há uma mistura de crenças, sentimentos e percepções aqui. Como reforça Craigie:
A rebelião do povo havia pervertido completamente seu entendimento acerca de Deus. Os israelitas diziam: O Senhor nos odeia e, no entanto, a essência da aliança era o amor de Deus. Eles diziam que Deus os havia tirado do Egito para entregá-los ao poder6 dos amorreus. A verdade do êxodo era que Deus os havia tirado do Egito e entregaria os amorreus em suas mãos. Eles diziam que Deus os exterminaria, quando o propósito de Deus era o de dar-lhes vida.[2]
Estas crenças, sentimentos e percepções culminam em medo (v. 28):
Para onde subiremos? Nossos irmãos fizeram com que se derretesse o nosso coração, dizendo: Maior e mais alto do que nós é este povo; as cidades são grandes e fortificadas até aos céus. Também vimos ali os filhos dos anaquins.
O “coração”, lē·ḇāḇ; “mente”, deles “derreteu” (a Bíblia hebraica traz o verbo mss; “desesperar”; “desmaiar”; “desvanecer”).
Alguns habitantes de Canaã parecem enormes. E isso é reforçado pela presença dos “filhos dos anaquins”. Sobre estes, a Bíblia de estudo Thomas Nelson nos ajuda a entender que:
A simples menção do nome dessa raça de gigantes criou terror (2.10-11; Gn 6.1-4; Nm 13.31-33). Eles eram parte de um grupo chamado de refains (2.11), que parecem estar associados com o gigante Ogue, rei de Basã, cuja “cama” (3.11) tinha cerca de 4 metros de comprimento e 2 metros de largura. Os remanescentes dessa raça podem se refletir na história de Golias (1Sm 17, cf. tb. 2Sm 21.15-22).[3]
As cidades deles parecem invioláveis e Manley explica que “na Palestina muitas eram as cidades anteriores ao período mosaico, fortificadas com altas muralhas, a que dava acesso uma única entrada construída em declive.”[4]
É importante ressaltar que o problema maior não são estes obstáculos. O ponto aqui é como lidar com eles se, no fim das contas, Deus nos odeia? Se o propósito de Deus é nos tirar do mapa? Como lutar e prevalecer se Deus blefa conosco; não é digno de nossa confiança? Se, no frigir dos ovos, nós não passamos de brinquedos descartáveis nas mãos de uma divindade caprichosa?
Por conta desta desconfiança sobre o amor de Deus, os israelitas congelam e recuam, como lemos no v. 32: “Mas nem por isso crestes no Senhor, vosso Deus.”
Aqui, em Deuteronômio 1.26-33, a nova geração aprendeu que 40 anos antes dela, também diante da Terra Prometida, Israel não acreditou no amor de Deus.
Mas não apenas isso. Em segundo lugar…
II. Moisés convidou Israel a crer no amor de Deus
Como agente e mediador da aliança, Moisés argumenta com o povo (v. 29-31,33). No v. 29, ele reforça a palavra ministrada no v. 21 — os oponentes são reais, mas não existe razão para ter medo: “Então, eu vos disse: não vos espanteis, nem os temais”.
Além disso, no v. 30, Moisés insiste com eles: Considerem as coisas boas que Deus realizou quando tirou vocês do Egito. Deus, que cuidou de vocês antes, cuidará de vocês agora:
30 O Senhor, vosso Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, segundo tudo o que fez conosco, diante de vossos olhos, no Egito.
Tudo isso, de acordo com Moisés, deveria assegurar o povo de uma coisa: Deus o ama como um bom pai ama seu filho (v. 31).
Como também no deserto, onde vistes que o Senhor, vosso Deus, nele vos levou, como um homem leva a seu filho, por todo o caminho pelo qual andastes, até chegardes a este lugar.
O v. 33 reforça esta ideia de Deus caminhando com seu povo amado, indo “adiante” de seu povo, cuidando de seu povo no deserto.
Que foi adiante de vós por todo o caminho, para vos procurar o lugar onde deveríeis acampar; de noite, no fogo, para vos mostrar o caminho por onde havíeis de andar, e, de dia, na nuvem (cf. v. 30).
Como sugere McConville, “Moisés os lembrou […] de que Deus não apenas havia se revelado poderoso (30), mas também que os amava (31).”[5]
É verdade que algumas cidades eram fortificadas e defendidas por povo forte, mas Deus os amava. E sim, havia gigantes em Canaã, mas Deus os amava. Conquistar a Terra exigiria esforço e lutas, mas Deus os amava. A conexão entre o amor de Deus e a conquista da promessa da Terra reaparece em outras passagens de Deuteronômio (e.g., Dt 4.37-38):[6]
37 Porquanto amou teus pais, e escolheu a sua descendência depois deles, e te tirou do Egito, ele mesmo presente e com a sua grande força, 38 para lançar de diante de ti nações maiores e mais poderosas do que tu, para te introduzir na sua terra e ta dar por herança, como hoje se vê (Dt 4.37-38; cf. 7.8,13; 10.15; 23.5).
É lamentável a insistência do povo de Israel, em não acreditar no amor de Deus para com ele. Como afirma McConville:
O povo […] havia decidido andar pelo que via, […] isso os deixou cegos para o óbvio, a saber, que Deus é capaz de superar qualquer obstáculo. Moisés lutou para mostrar como esse comportamento era ilógico.[7]
Como lemos em Merrill:
Israel ficou feliz em aceitar a parceria e a responsabilidade da aliança (cf. Êx 19.8), mas quando chamado a exercer essa responsabilidade, achou muito fácil rejeitar a liderança de Deus, rebelar-se contra ele e, na verdade, atribuir seu próprio fracasso a Deus tê-los renegado (“o Senhor nos odeia”) como um povo servo.[8]
Resumindo, aqui, em Deuteronômio 1.26-33, a nova geração aprendeu que 40 anos antes dela, Moisés convidou Israel a crer no amor de Deus.
Aqui começamos a concluir…
Conclusão
Vejamos que, em Deuteronômio 1.26-33, lemos que [1] Israel não acreditou no amor de Deus, apesar de [2] Moisés convidá-lo a crer que Deus o amava.
[1] Passaram-se 40 anos e o desafio era o mesmo. O novo Israel, postado diante do rio Jordão, precisava tomar posse da Terra Prometida. Mas eles não dariam conta disso se não acreditassem no amor de Deus para com eles. E passados 3.400 anos desde aquela época, eu e você nos vemos em situação semelhante. Como propõe Manley, “tanto as muralhas como os gigantes têm uma contraparte na vida cristã (Ef 6.11)”.[9] Os inimigos são grandes e poderosos. As cidades são fortificadas. Os gigantes são assustadores. E eles não “brincam em serviço”. Estão dispostos a nos “mastigar como trigo”, a nos envergonhar e esmagar. O ponto, porém, não é o tamanho, a força ou os recursos dos inimigos. O ponto é este: Deus nos ama e segue conosco, adiante de nós.
[2] O desafio é o mesmo. Não apenas crer que Deus existe, nem que ele é “amor” de modo abstrato; nem que ele “ama os pecadores” em geral. Crer que Deus me ama. Deus ama a mim, a você, pessoalmente, especificamente. Ele nos fez. Ele nos conhece por nome. Ele sabe quem nós somos, como pensamos, como sentimos, como reagimos à vida, às circunstâncias, às outras pessoas, e como lidamos conosco mesmos.[10]
Deus conhece nossas virtudes, nossas doenças, nossas feiuras, nossos piores pecados. Não apenas os que cometemos até agora, mas todos os que cometeremos até o fim de nossas vidas. Mesmo assim, Deus nos ama. Deus, em Cristo, olha para nós e diz: “Vem, segue-me; eu te amo”. Como lemos em João 13.1:
Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.
Deus, em Cristo, olha para nós e diz: “Vem, segue-me; eu sempre te amarei”. Deixe de teimar. Deixe de se revoltar. Deixe de murmurar, de pensar mal sobre mim, de duvidar de minhas intenções para com você; de ruminar descrença para si mesmo, dentro de sua tenda, dentro de seu coração. Como disse Thompson:
O perigo mais sutil para Israel era a possibilidade de virem a duvidar da soberania ativa e providencial do Senhor em toda e qualquer crise.[11]
Este perigo continua atual. Que Deus nos ajude a crer em seu amor soberano e providencial.
[3] A crença, a percepção e o sentimento expressos em Deuteronômio 1.26-27,32 não são novos. Pelo contrário, ecoam a serpente, em Gênesis 3.4-5:
4 Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. 5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.
A serpente instiga desconfiança. Tenta nos convencer de que a Palavra de Deus não é verdadeira. O caráter e as intenções de Deus — de acordo com a serpente — são questionáveis. Deus é um estraga-prazeres nada confiável, que quer impedir vocês de serem como ele é.[12] Esta é a fala de serpente.
A pergunta dos israelitas no v. 28, “para onde subiremos?”, que destila descrença,[13] me fez pensar em uma fala do apóstolo Pedro em João 6.68-69, cheia de fé:
68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; 69 e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus.
Que hoje nós deixemos de crer na serpente e comecemos a crer em Jesus, que segue adiante de nós.
Vamos orar sobre isso.
Notas
[1] MCCONVILLE, Gordon. “Deuteronômio”. In: CARSON, D. A.; FRANCE, R. T.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. F. (Org.). Comentário bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009, p. 312.
[2] CRAIGIE, P. C. Deuteronômio. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 101 (Comentários do Antigo Testamento).
[3] CARSON, D. A. (Org.). Bíblia de estudo Thomas Nelson. [BETN]. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2021, p. 323.
[4] MANLEY, G. T. “Deuteronômio”. In: DAVIDSON, F. (Org.). O novo comentário da Bíblia. Reimp. 1985. São Paulo: Vida Nova, 1963, v. 1, p. 227.
[5] MCCONVILLE, op. cit., p. 312.
[6] Cf. THOMPSON, J. A. Deuteronômio: Introdução e comentário. Reimp. 2017. São Paulo: Vida Nova, 1982, p. 31 (Série cultura bíblica).
[7] MCCONVILLE, op. cit. p. 312.
[8] MERRILL, Eugene H. Deuteronômio. São Paulo: Vida Nova, 2025, p. 65 (Comentário exegético).
[9] MANLEY, op. cit., p. 227.
[10] Precisamos de conhecimento objetivo e subjetivo do amor de Deus. Paulo orava pelos cristãos de Éfeso da seguinte forma: “e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.17-19).Em um hino belíssimo nós dizemos: “Louvamos-te, ó Deus, e rogamos, Senhor: Dá-nos sempre sentir teu poder, teu amor”; cf. MACKAY, Wm. P.; HOUSTON, J. Th. “Hino 47 Louvor e glória”. In: MARRA, Cláudio. (Org.). Novo cântico. 16ª ed. Reimp. 2017. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 43. Em 1João 4.18-19, consta que “no amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro”. O aperfeiçoamento no amor produz confiança e um trato/ambiente seguro solidifica a experiência e sensação do amor. O indivíduo que sofreu abuso tem dificuldade de se sentir amado e seguro. Também quem sofreu traumas, independentemente da idade. Em tais situações, os benefícios assegurados por Jesus, nos termos do evangelho, providenciam doutrina (verdade) e libertação (cura).
[11] THOMPSON, op. cit., p. 87.
[12] Para Waltke e Fredericks, “a serpente faz com que Deus pareça estar restringindo-os da humanidade plena”; cf. WALTKE, B. K.; FREDERICKS, C. J. Gênesis. São Paulo: Cultura Cristã, 2010. p. 108 (Comentário do Antigo Testamento).
[13] Merrill (op. cit., p. 65) entende que “parece mais adequado considerar a pergunta deles […] como uma pergunta retórica, que exige ou espera a resposta de que não havia mais esperança de tomar posse da terra da promessa.”
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