Uma das minhas principais lutas tem a ver com a distração. Nascido em 1985, eu experimentei a maior parte da infância antes da chegada de computadores, celulares e internet. Mas, tão logo essa tecnologia surgiu no cenário, foi abraçada com entusiasmo por minha geração. As escolas logo buscaram ampliar o seu programa, oferecendo aulas de informática em computadores Pentium 386, e a internet discada apresentava um mundo de possibilidades.
O que não percebemos foi o poder catalisador desses meios sobre nossa atenção. Se já estávamos na cultura do entretenimento, carregada pela televisão, agora mergulhávamos mais fundo nesse oceano, sempre com um novo link para nos levar a um novo lugar. Vieram as redes sociais, youtube, Instagram… e a coisa desandou de vez.
Não me entenda mal, eu amo a tecnologia, e tenho contas em praticamente todas as redes sociais que conheço. Mas quando nós cultivamos o hábito diário de acompanhar tweets de 140 caracteres, observar stories de 10 a 15 segundos, e ainda assim somos impacientes, sempre passando o dedinho para a próxima distração, algo vai sendo transformado no modo de enxergamos e lidarmos com a realidade.
É assim que nos tornamos desatentos, sempre à procura da próxima distração. Não cabe aqui analisarmos mais profundamente toda a questão, mas um problema se impõe: como pessoas desatentas e desejosas de entretenimento conseguirão manter as práticas lentas e “tediosas” que cultivarão o seu coração? Ouvir um sermão de 40 minutos, ler a Bíblia em silêncio, orar e meditar… tudo isso se torna cada vez mais difícil no ambiente acelerado dos nossos dias.
Alguns sugerem que devemos mergulhar nessa linguagem para que ainda tenhamos a capacidade de atrair as pessoas. Nossos sermões devem ser mais curtos, nossas Bíblias devem ser “freestyle”, devemos fazer mais e mais “programações” para entreter um público cada vez mais entediado.
Se é verdade que devemos comunicar com clareza, falando às pessoas do nosso tempo, também é verdade que ceder ao espírito da época pode implicar a morte da vida interior. Isso porque a Escritura sempre demandará de nós que nos tranquemos em nosso quarto e no tédio do silêncio ouçamos a voz de Deus na Bíblia e falemos com Deus em oração. Precisamos de algo mais.
Precisamos cultivar as disciplinas que instauram uma lógica diferente em nosso coração. Precisamos cultivar a atenção. Em vez de esperar que nos dêem aquilo que desejamos, devemos buscar o crescimento.
2019 pode ser um ano para buscar a disciplina da atenção. Mais momentos em silêncio, menos distração de celulares e redes sociais; um tempo reservado no dia para buscar a Deus, disciplina na participação dos cultos e reuniões da igreja, mais serviço e menos exigências.
Nós ainda estamos por descobrir o bem que isso fará ao nosso coração, para a glória de Deus.
Pr. Allen.