Uma das coisas mais positivas em um sistema democrático é a possibilidade de discordar veemente de um adversário de ideias, submeter argumentos a um plenário e, depois da votação, respeitar o resultado e assumir uma relação civilizada com o oponente vencido ou vencedor. Nesses termos, pelo menos dentro dos limites da graça comum¹, regimes democráticos propiciam uma experiência imperfeita, mas virtuosa, de paz social².
Paz não é sinônimo de ausência de conflitos. Tanto no passado quanto hoje, Israel desfruta de paz quando seus adversários estão “contidos”. A “Paz Romana”, que assegurou a Paulo estradas relativamente seguras para as viagens missionárias, exigia esforço contínuo para proteger as fronteiras do império. A paz desfrutada pelo cristão é a capacidade de lidar com cada dificuldade experimentando que em Deus há provisão para suas necessidades, sejam estas emocionais, materiais ou espirituais (Fp 4.19). Mesmo na glória, paz será a experiência de comunhão com Deus, na certeza de que o mal e os maus estarão definitiva e eternamente trancados em lugar próprio (Ap 20.10, 14-15; 21.8, 27; 22.15).
Resumindo, paz é muito mais do que um estado psicológico. Trata-se de um contexto que nos assegura de que existem meios adequados para resolver conflitos, no caso da sociedade, um estado de direito; no caso do cristão, o governo justo de Deus.
1. A palavra “graça” significa “favor imerecido”. Deus interage com a humanidade com dois tipos de “graças”: A graça “especial” é concedida a todos os que confiam em Jesus Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador. A graça “comum” é concedida a todas as pessoas, independentemente de suas crenças. Em Mateus 5.45 Jesus menciona a graça comum, ao ensinar que Deus faz chover sobre pessoas boas (justas) e más (injustas).
2. Jesus Cristo concede aos que confiam nele uma paz “perfeita”, “espiritual” (Jo 14.27).
Pr. Misael