A contemplação é uma disciplina negligenciada. “Os céus proclamam a glória de Deus; eis o mar vasto, imenso, no qual se movem seres sem conta” (Salmos 19.1 e 104.25). Tais expressões denotam proximidade da criação e percepção das evidências da presença e cuidado divinos.
Contemplar e orar, enxergar pistas do Criador e adorar. Diminuir o ritmo, tranquilizar a alma, descansar e crer. Não fazer nada e sorrir, alegrar-se em Deus, silente, humilde e reverentemente. Quem experimentou isso na semana que passou?
Foi Davi quem disse que “no seu templo tudo diz: Glória!” (Salmo 29.9), quando não existia o templo de Jerusalém. Para ele o santuário desvendou-se em uma chuva forte, quando ouviu a “voz do SENHOR sobre as águas”, quando trovejou “o Deus da glória”, aquele que “está sobre as muitas águas” (Salmo 29.3). Vento, chuva relâmpagos e trovões. A glória do Senhor!
Ao Deus santo adoramos.
Por favor, com amor, espiritualmente,
Deus está no templo! (Hino 4 do Hinário Novo Cântico).
Como afirmou Billy Bray, a contemplação altera nossa caminhada, de modo que, ao pisarmos, o pé esquerdo diz “Glória” enquanto o direito responde “Amém”. Passamos a perceber “o amor e a graça circundantes” e somos fortalecidos no evangelho, tal como declarou P. T. Forsyth: “Foi uma vasta Criação, mas uma Salvação mais vasta”.
Em tempos de burburinho perturbador e de pressões angustiantes, somos chamados para as “margens dos riachos calmos”, onde o Senhor, nosso Pastor, nos supre com refrigério (Salmo 23.1-3). Para os que não podem contemplar os riachos, existem as árvores citadinas, além dos canteiros floridos. E para todos existe o céu, o sol e as estrelas. Sempre, em todo lugar, a natureza deixa sua marca, mesmo que somente em lembrança, como ocorreu com Francisco de Assis, que cego, compôs o poema:
Tu, sol dourado a refulgir,
Tua, lua em prata a reluzir,
Oh! Louvai-o! Oh! Louvai-o!
Aleluia! Aleluia! Aleluia! (Hino 10 do Hinário Novo Cântico).
Mas ai de nós, estamos ocupados. Tempos pouco tempo e somos pressionados pelos compromissos importantes.
Ouvi de um irmão que visitei em um hospital, que, “de tudo o que existe, o mais importante é o amor”. E isso remonta não apenas às palavras de Paulo em 1 Coríntios 13, mas às ternas lembranças das conversas afetuosas, das demonstrações de carinho, dos momentos passados juntos. Daquelas experiências humanas diante da natureza e uns dos outros. Do homem diante de Deus, contemplando e orando.
Coitados daqueles para quem a contemplação é estranha; são pobres os que não conhecem a senda da santa observação e oração.
Rev. Misael. Publicado no Boletim 021.