A boca fica seca e o ritmo dos batimentos cardíacos aumenta. A mente parece entrar em pane, os pensamentos vão e vêm tresloucadamente, sem conexão aparente. É como se as veias se comprimissem dificultando a passagem do sangue, como se o coração estivesse sendo apertado por mãos invisíveis.
Sentimos isso ao sermos submetidos à pressão. De acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss, a palavra “pressão” pode ser entendida como “ação ou efeito de pressionar, comprimir, apertar” ou, simplesmente, “tensão”. No primeiro sentido assemelha-se à saudade que, na linguagem do sertanejo, “aperta o peito”. Só que esta deriva da nostalgia, enquanto o último significado — pressão como tensão — aponta para o fenômeno global da ansiedade, gerador de diversos males de nosso tempo.
A vida é repleta de fatores estressantes. Lidamos com o peso da própria existência — aquele sentimento de cansaço por viver, tão precisamente captado por escritores românticos e filósofos existencialistas e personificado, nas Escrituras, pela experiência de Elias no monte Horebe (cf. 1Reis 19). Há ainda a pressão relacionada a posses e aparência. Inconscientemente, sujeitamo-nos a padrões irreais de comportamento e consumo. Achamos que precisamos de determinados bens ou de uma certa imagem diante dos outros, e mergulhamos de cabeça em projetos que, muitas vezes, não se harmonizam com a orientação objetiva de Deus para nossas vidas. Por causa disso estamos, vez por outra, “engasgados com coisa nenhuma” — sentindo como que uma “bola de nada” em nossa traqueia, suando frio, roendo unhas, ou fazendo qualquer outra coisa para amenizar o desconforto que nos sufoca.
Por fim, somos premidos a pecar. Isso acontece desde o Éden (Gênesis 3.1-7). De certo modo, o comportamento segundo o padrão bíblico do discipulado não é valorizado pelo mundo; às vezes, nem pela própria igreja. Somos pressionados a abrir mão dos valores cristãos em troca dos prazeres temporários do pecado. Individualmente e como famílias temos de, na dependência de Deus, resistir à pressão do pecado (Hebreus 12.1-4).
A solução para a ansiedade é a fé nas promessas de Deus, alimentada na oração (Filipenses 4.6-7). Conseguimos também muita ajuda através da amizade. Jesus, quando pressionado, não hesitou em conversar sobre seu problema com alguns de seus discípulos (Mateus 26.38). Nessas horas de luta, como é bom termos amigos com quem compartilhar e orar! Graças a Deus, que criou a igreja com esse objetivo.
Rev. Misael. Publicado no Boletim 015.