A pastoral do último domingo nos ensinou que lidamos com diversos incômodos na humanidade em geral e nas nossas famílias, que exigem um retorno à fé bíblica. Existe um incômodo que atinge não apenas a sociedade e nossas famílias, mas tem entrado sorrateiramente em muitas igrejas. É o incentivo à imaturidade.
Os sociólogos têm chamado isso de adolescência tardia, adultescência e adultos emergentes. Um deles, Christian Smith, diz que este desvio de comportamento “remodelou o significado do ser, da juventude, dos relacionamentos e dos comprometimentos da vida, assim como uma variedade de comportamentos e tendências”.
Precisamos refletir sobre as danosas consequências deste comportamento no seio das nossas famílias e igrejas. Muitos jovens de classe média e alta são sustentados pelos pais até os 30/35 anos. Mães que gostam de ser confundidas com a estética imatura de suas filhas adolescentes.
Esta adultescência tem gerado pais que prolongam a imaturidade da sua juventude e, por conseguinte, a dos seus filhos. Instabilidade. Foco em si mesmo. Constante transição. Confusão. Conflitos. Projetos insignificantes. Ou seja, imaturidade! Muitas famílias não querem pagar o alto e necessário preço da maturidade.
Sendo assim, este fenômeno tem entrado em muitas igrejas. Como disse o Rev. Adão Carlos na semana passada, “a maioria dos problemas de uma igreja não são da igreja em si, mas das famílias desta igreja”.
A “adultescência” é vista na igreja quando não reagimos àqueles que não suportam um ensino bíblico profundo, uma pregação pura da Bíblia, forçando-nos à imaturidade eclesiástica. Provérbios 1.7b diz que desprezar a sabedoria e o ensino são para os loucos, ou, numa melhor tradução, insensatos, que não medem as consequências dos seus atos.
A imaturidade é prolongada quando os líderes da igreja não conseguem resolver os problemas da comunidade com clareza, honestidade e franqueza; quando a igreja não aceita a dor da maturidade, que, às vezes, gera perdas, mas é essencial.
Quem nos diz isso não são os sociólogos ou antropólogos, mas a Palavra de Deus. O Evangelho nos leva rumo à maturidade, como nos diz Paulo em 1Co 13.11 e 14.20: Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino […] Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos.
Cristo nos ensina a imprimir na sociedade os princípios do Reino de Deus por meio de uma contracultura cristã. Segundo John Piper, a persistência para a maturidade “trará mais estabilidade, clareza de identidade, sabedoria profunda, incentivará o jovem adulto a estar pronto para a responsabilidade ao invés de somente fazer exigências, sem nunca perder a alegria em Deus, e permanecendo firme até a recompensa celeste.” Que Deus nos leve rumo à maturidade, para sua glória e bem da sua igreja.
Rev. Renato. Publicado no Boletim 127, de 03/06/2012.