“Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre? Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente” (Marcos 5.35-36). Estas palavras de Jesus ditas ao chefe da sinagoga, são muito apropriadas. Diante da doença grave de sua filha Jairo procurou o Messias, suplicando por intervenção milagrosa. Jesus acolheu sua súplica e foi com ele, a fim de orar pela criança. Então chegou a notícia: Era tarde demais; a filha do religioso havia morrido. Os emissários da casa do chefe da sinagoga trouxeram não apenas uma má notícia, mas também uma reprimenda: “Por que ainda incomodas o Mestre?” (v. 35).
Olhemos para este quadro. Primeiro, a evidência da morte. Segundo, a sugestão de que não adianta mais tentar. Terceiro, a ideia de que, ao persistir na busca de uma solução, Jairo incomodaria ao Redentor. Ponderações lógicas e plausíveis. Trata-se do jeito humano de considerar as coisas. “Não há jeito pra morte”, nem para outras coisas. E se não há jeito, por que insistir e incomodar a Deus com tais detalhes?
Eu sou inclinado a considerar algumas causas definitivamente perdidas. Algumas questões me faziam correr para Cristo a fim de suplicar sua intervenção; agora é como se estivessem mortas. Aquilo que outrora era cheio de vida tornou-se “peso morto” ou, como dizem, “carta fora do baralho”.
Abandonar determinadas causas é evidência de sabedoria. Há planos aos quais Deus diz “não”, e que devem ser deixados pra trás (Provérbios 16.1). Por outro lado, precisamos de sabedoria para discernir se determinada coisa deve ser mesmo abandonada. Deus às vezes permite que algo desfaleça, a fim de manifestar seu poder. Ele não tem dificuldade de ordenar a uma menina morta: “Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te!” (Marcos 5.41). Isso deve ser considerado quanto aos estudos interrompidos, aos relacionamentos partidos e aos projetos engavetados. Para Deus, nem toda morte é morte, nem todo impossível é impossível, nem toda causa perdida é, de fato, perdida e o fracasso pode ser um convite à fé.
Diante dos sinais de morte, não falta gente para nos fazer desistir. Muitas vezes não o fazem por mal; apenas juntam aos fatos as suas observações e recomendações. O problema é quando suas palavras carregam uma nota antibíblica, levando-nos a pensar que Deus não tem mais interesse em nosso caso. Tornamo-nos um estorvo. É tarde demais e nós incomodaríamos ao Altíssimo se insistíssemos. Eis o recado dos emissários da incredulidade.
Jesus “sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente” (v. 36). Dar atenção à descrença pode ser fatal. Jairo precisava concentrar-se em Cristo e não nas circunstâncias. Eis o desafio. Diante do caos, atentar para o Senhor (Hebreus 12.2). Não deixar-se vencer pelo medo, somente crer e nada mais (1João 4.18).
Precisamos de algo mais em 2013? Penso que isso é suficiente. Não tenho a mínima ideia do que acontecerá. Não estou na cabine de comando de minha vida. Deus sabe de todas as coisas, ele é o Supremo Pastor; eu sou apenas uma ovelha que recebeu a incumbência inexplicável de amar ao Senhor pastoreando suas ovelhas (João 21.15-17). Sou pó e ele é Vida; sou tolice e ele é Sabedoria. O que cabe a mim? Não temer, apenas crer. Eis um bom lema para 2013.
Rev. Misael. Publicado no Boletim 157, de 30/12/2012.