A carta de Cristo à Igreja de Laodiceia é uma das mais duras do Apocalipse (Ap 3.14-22). Nela não há palavra de elogio, nenhum ponto positivo a ressaltar. O leitor contemporâneo se choca com a aparente crueza de Apocalipse 3.15-17.
O Senhor se dá a conhecer a uma igreja acomodada. Osborne explica que nas últimas décadas, mais estudiosos abandonam a leitura “moralizante” que entende “quente ou frio espiritualmente”.
O problema é que as obras de Laodiceia são estéreis. Por isso Jesus alude a águas frias, quentes e mornas. A cidade não possuía fontes próprias de abastecimento, o que exigia que ela canalizasse água de “Denizli, a dez quilômetros ao sul”. A água chegava a Laodiceia “morna e suja — servindo apenas para ser cuspida”. Em Hierápolis, situada dez quilômetros ao norte, havia fontes de águas quentes, tidas como curativas. Em Colossos, dezesseis quilômetros a leste, havia fontes de água fria e limpa, procuradas para refrigério.
O contraste aqui é entre as águas quentes medicinais de Hierápolis e as águas frias, puras, de Colossos. Dessa forma, a igreja em Laodiceia não oferecia refrigério para o cansaço espiritual, nem cura para a doença espiritual. Era totalmente ineficaz e, assim, desagradável ao Senhor.
Osborne conclui que os crentes de Laodiceia “são inúteis para o Senhor”. Kistemaker diz que “eles não tinham nenhum interesse em serem testemunhas de Jesus Cristo, em viverem uma vida de serviço para o Senhor, ou em pregar e ensinar seu evangelho para o avanço da sua igreja e do seu reino”. Por isso, provocavam náuseas em Deus (v. 16). Era preferível que eles fossem frios, no sentido de ministrar “refrigério”, ou quentes, e assim distribuir “cura”, a serem mornos (improdutivos).
Que o Senhor nos livre da preguiça espiritual! Vamos pedir ao Senhor que renove nosso ânimo e nos mantenha úteis no serviço do reino.
Pr. Misael.